Esboços. Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC
- Editora:
- Universidade Federal de Santa Catarina
- Data de publicação:
- 2011-03-10
- ISBN:
- 1414-722x
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Documentos mais recentes
- Espectros da colonialidade-racialidade e os tempos plurais do mesmo
O artigo propõe uma discussão sobre a historiografia como prática de codificação de passados "outros", de sincronização de sujeitos subalternos e temporalidades plurais, forjada como um dos arsenais de representação mobilizados nas lutas sociais por reconhecimento, justiça e reparação histórica. A despeito de suas variações contextuais, as demandas coletivas por inclusão e visibilidade despontam como desafios permanentes que evidenciam os efeitos excludentes e hierarquizantes das políticas de temporalização da história disciplinada, assinalando uma coexistência litigiosa no presente de "dívidas impagáveis" do passado. O argumento central que pretendo explorar é o de que, nesses casos, o espectro da colonialidade-racialidade mantém-se como vetor de hierarquização, subalternização e (des)sincronização temporal, na mesma medida em que embaralha a descontinuidade histórica ou qualquer distância temporal rigorosa entre o passado e o presente
- La trampa de las 'temporalidades múltiples': ¿se puede escribir sin cronología?
En el presente trabajo intento responder a las siguientes preguntas: ¿En qué medida podemos afirmar, extendiendo el sentido de la frase de Denise da Silva (2016), que los "otros" son "necesariamente sin tiempo"?, ¿por qué cuando se hace visible el "otro" aparece portando "otra" temporalidad?, ¿por qué el concepto de "temporalidades múltiples" está viciado en su origen?. Al respecto, intento mostrar cómo al constituirse Occidente en sujeto histórico transforma al tiempo-relación en tiempo-sustantivo y cómo el "problema" de la sincronización de la multiplicidad de temporalidades es su contrapartida
- Sobre fantasmas e o paraíso (perdido) dos historiadores: breves comentários sobre espectralidade do passado e a história do presente
O presente texto oferece alguns breves comentários teóricos sobre as noções de espectralidade do passado e história do presente, apontando, por meio de uma discussão crítica sobre o realismo ontológico hegemônico na historiografia disciplinada moderna e sua dependência de formas de temporalização, sincronização e representação históricas que não parecem mais tão convincentes diante da percepção de vários sujeitos subalternizados de que o tempo é acumulação, não passagem. A partir daí, o texto, ancorado em alguns exemplos historiográficos recentes, esboça a ideia de "dessincronização crítica" não só como uma alternativa ao realismo ontológico hegemônico, mas também como um reconhecimento teórico da inevitabilidade da representação no que concerne à escrita da história
- Maria da Glória Oliveira e Saidiya Hartman: uma leitura dos espectros, dos tempos plurais e da (não)inscrição
No desenrolar desse comentário, dedicamo-nos, primeiramente, aos principais apontamentos de Maria da Glória de Oliveira, no artigo intitulado por Espectros da colonialidade-racialidade e os tempo plurais do mesmo, de tal forma que abordamos conceitos e temas importantes para a autora, tais como os espectros da colonialidade-racialidade, suas fraturas temporais, e o chamado beco sem saída da representação. Em um segundo momento, e partindo do que é exposto por Oliveira, propomos-nos a uma leitura desses espectros e fragmentos "retornantes" do passado, presentes no livro de Saidiyaia Hartman, Perder a mãe: uma jornada pela rota atlântica da escravidão (2021). Ao fim, retomamos determinadas reflexões e caminhos suscitados para a pesquisa na área como, por exemplo, a necessária reorganização da linguagem, o espaço do subalternizado na representação, e os demais desafios que nos foram provocados pelo texto de Maria da Glória de Oliveira
- Das aporias da espectralidade à emergência do sublime decolonial: os (des)caminhos da subjetivação e da diferença
O presente artigo toma como ponto de partida as reflexões decoloniais realizadas por Maria da Glória de Oliveira e visa tematizar como contemporaneamente os campos da teoria da história e da história da historiografia no Brasil são confrontados a responderem às linguagens do trauma, do luto e da cura que desafiam os cânones disciplinares. Em um primeiro momento, procuro situar a especificidade da discussão promovida por Maria da Glória de Oliveira em meio a reflexões (in)disciplinares que tematizam as historicidades espectrais. Em um segundo momento, defino o que estou categorizando como linguagens do trauma, do luto e da cura, que se inscrevem enquanto desafios à domesticação imposta pela historiografia disciplinar. Por fim, propondo tensionar os limites do paradigma correspondentista da representação inspirado pelas intervenções de Oliveira, argumento como as possibilidades de subjetivação e abertura para a diferença em nossos contextos de ensino/aprendizagem nas Universidades públicas são atravessadas pelas referidas linguagens, que ensejam a rearticulação de afetos e a abertura para experiências estéticas disruptivas, como a do sublime decolonial
- O que fazer quando apenas a inclusão não basta?. Tempos outros e novos arsenais explicativos na escrita da História
O presente texto soma comentários às discussões de conceitos como inclusão, visibilidade e racialidade desenvolvidas pela historiadora Maria da Glória Oliveira em seu "Espectros da colonialidade-racialidade e os tempos plurais do mesmo". De modo breve, aponto os méritos da empreitada de Oliveira e também opino sobre o atual estado da historiografia brasileira, sua receptividade a autores "fora do cânone", suas práticas excludentes e iniciativas que, de alguma forma, propõem outros caminhos
- As políticas do tempo da branquitude
Neste artigo pretendemos explorar a conexão entre racialização e teoria da história a partir de um vertice particular: o debate sobre tempo histórico. Para isso, pretendemos entender a historiografia não só como instrumento de codificação de passados "outros" (do colonialismo e do racismo) e de sincronização, mas como imbricada ao "lugar" histórica e relacionalmente ocupado pela branquitude. Por isso, compreendemos que os estudos críticos da branquitude fornecem um instrumental importante para a melhor compreensão tanto dos processos de disciplinarização da História, como da sua indisciplina, posto que "indisciplinar" sem racializar significa, na prática, esvaziar as potencialidades desse conceito
- Ficar com os espectros: políticas de temporalização da história em um presente fugidio
Esta réplica consiste em uma retomada de questões do artigo "Espectros da colonialidade-racialidade e os tempos plurais do mesmo", em diálogo com os comentários de María Inés Mudrovcic, Arthur Avila, Ana Paula Silva Santana, André da Silva Ramos, Allan Kardec da Silva Pereira e Marcello Assunção, de modo a problematizar o que chamo de "abertura inclusiva" das historiografias na pluralização de seus sujeitos e objetos. Para tanto, abordo a noção de políticas do tempo como dispositivo de sincronização temporal racializada que normatiza as alteridades dos sujeitos subalternizados para, em seguida, discutir a possibilidade de uma ética da representação histórica como gesto de dessincronização crítica frente à experiência espectral dos passados traumáticos. Por fim, defendo que a colonialidade e a racialidade podem ser compreendidas como espectro, na medida em que ambas designam lógicas que não são facilmente apreendidas pela sincronia, sucessão ou conexão linear entre os tempos de "outrora" e o "agora
- Hacia una historia global descolonizada: una perspectiva latinoamericana
La historia global está en auge desde hace más de dos décadas. Sin embargo, a diferencia de Europa, Estados Unidos y Asia, donde se puede observar un verdadero "boom" de esta perspectiva, en Latinoamérica no ha tenido tanto impacto hasta ahora; incluso se puede notar una actitud de rechazo hacia lo que muchos académicos de la región consideran una "moda anglosajona". Creemos que las razones por el poco apego de la historia global en Latinoamérica radican en sus falencias conceptuales, así como en la continua producción de trabajos globalizantes, predominantemente basados en literatura secundaria escrita en inglés. Para contrarrestar estas tendencias y adaptar el campo mejor a las realidades académicas e históricas de Latinoamérica, quisiéramos abrir un diálogo con el pensamiento latinoamericano crítico reciente. Defendemos que un acercamiento a esta corriente aportará a la necesaria descolonización de la historia global, además de contribuir a una descentralización y diversidad analítica
- Lista de pareceristas
Documentos em destaque
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No final da II Guerra Mundial, Portugal, como de resto a generalidade dos países da Europa Ocidental, encetou o seu envolvimento no genericamente designado processo de construção da Europa, então claramente impulsionado no âmbito do Plano Marshall. A II Guerra Mundial, no decurso da qual o Governo...
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Este texto é resultado de um estudo sobre aspectos da vida cotidiana no município de Alfenas durante a Primeira República. No intuito de conhecer alguns dos maiores problemas que afetavam o dia a dia da sua população naquela época e como ela os enfrentava, a análise baseou-se em requerimentos...
- Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e o Oriente Médio: reflexões sobre orientalismo tropical
O artigo lança luz à pouco conhecida viagem da pintora Tarsila do Amaral e do escritor Oswald de Andrade ao Oriente Médio no início de 1926. Apresenta-se pesquisa empírica sobre o trajeto seguido pelo casal de modernistas e demais participantes do périplo, para então refletir em que medida a viagem ...
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Este artigo examina alguns aspectos dos acordos firmados entre o governo brasileiro e dois organismos internacionais, que exerceram controle sobre os movimentos migratórios internacionais no pós- -Segunda Guerra Mundial: a Organização Internacional de Refugiados e o Comitê Intergovernamental para...
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Este artigo analisa a apropriação da obra El Protestantismo comparado con el Catolicismo en sus Relaciones con la Civilizacion Europea, do teólogo monarquista Jaime Luciano Balmes Uría (1810- 1848), pelo jornal O Apóstolo, editado no Rio de Janeiro entre 1866 e 1901 e principal porta-voz do...
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- Do contrabando ao consulado: a atuação do estadunidense John Smith Gillmer na Bahia (1826-1862)
Neste artigo analisamos a trajetória do negociante estadunidense John Smith Gillmer na Bahia, de 1826 (ano em que localizamos o primeiro registro de sua atuação na província) até 1862 (ano de seu falecimento). Com base, principalmente, em revisão bibliográfica e notícias de periódicos, procuramos...
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- História social de um documento global: trajetórias do filme 25 e a escrita da história da África pós-colonial (Moçambique, Brasil e Europa - 1974-2019)
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