Apresentação

AutorRogério F. Guerra
CargoEditor de RCH
Páginas7-8
Apresentação
A seção Memórias Universitárias explora um tema relevante na história dos estados
sulinos, i.e., a influência cultural e econômica decorrente da colonização alemã. Várias
nacionalidades fertilizaram com lágrimas e suor o solo brasileiro, mas o objetivo do
texto é descrever o início do fluxo migratório, as características dos contingentes e as
dificuldades iniciais enfrentadas pelos colonos alemães no Brasil, diferentemente da
imagem irreal que temos acerca do processo migratório. As colônias prosperaram e os
eventos festivos enaltecem a coragem do povo alemão, mas, inadvertidamente, eles
induzem a crer que o processo foi cercado de facilidades. A colonização do país visava
a defesa territorial (ocupação de terras devolutas) e o desenvolvimento econômico;
muitos colonos foram inicialmente recrutados para compor as tropas de estrangeiros e
somente após a conclusão do serviço militar ganhavam algum pedaço de terra; muitas
colônias não prosperaram em razão das dificuldades e falta de apoio governamental.
Por muitos anos o Brasil esteve fechado à colonização européia, com exceção dos
contingentes portugueses e dos imigrantes forçados (i.e., escravos). O cenário sofreu
profunda mudança com a instalação da família real no país (1808), ocasião em que teve
início a vinda sistemática de naturalistas alemães, os quais descreveram a
biodiversidade e a riqueza do país. Os relatórios estimularam a vinda de colonos e
também havia o interesse de João VI em ocupar áreas desabitadas e susceptíveis a
conflitos territoriais, como os estados sulinos. Não obstante as ações de João VI, em
termos comparativos, o Brasil ainda continuou pouco atraente aos potenciais imigrantes.
As colônias da América do Norte (EUA e Canadá) receberam os maiores contingentes,
em razão de certas facilidades (e.g., a proximidade geográfica, menor custo das
passagens e liberdade religiosa), enquanto as autoridades do governo imperial
reconheciam a importância da colonização alemã, mas restringiam os fluxos migratórios
ou não foram capazes de proporcionar as devidas condições para a fixação dos colonos
em solo brasileiro. O texto examina o papel desempenhado por personagens pouco
lembrados na história da colonização alemã, como o Major G.A. von Schäffer (1779-
1836) e Caroline Josepha Leopoldine (1797-1826), austríaca e primeira imperatriz do
Brasil. É a oportunidade que encontramos para relembrar as dificuldades enfrentadas
pelos colonos alemães e esclarecer como surgiram os primeiros assentamentos (i.e.,
Bahia, Rio de Janeiro e os estados do Sul).
A presente edição também contempla contribuições que abordam temas atuais e
oriundos de instituições variadas, algo desejável e que revela o nível de abrangência da
Revista de Ciências Humanas. Os artigos examinam a inexistência de projetos
civilizacionais, a formação da identidade nacional e campanhas publicitárias veiculadas
no semanário Veja; os textos revelam alguns aspectos da cultura brasileira. O mundo
dos adolescentes é desvendado em artigos que abordam a gravidez precoce e o fascínio
dos jovens aos avanços tecnológicos, mais especificamente a Internet. Os dois temas
merecem atenção, em razão do impacto que causa na família e o despreparo das
adolescentes para conciliar a sua nova condição na sociedade (i.e., esposa, mãe e dona-
de-casa), no primeiro caso, e a sedução do jovem ao mundo virtual (cyber addiction), no
segundo caso. As evoluções no mercado de trabalho também são examinadas, mais
especificamente no que diz respeito à formação profissional e os efeitos da privatização
sobre o gerenciamento das carreiras dos trabalhadores.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT