Os 10 anos da Sociologia no ensino médio no Brasil: considerações sobre a formação de professores de Ciências Sociais na UFSM

AutorCeres Karam Brum
CargoProfessora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria. cereskb@terra.com.br
Páginas187-214
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2019v18n41p187/
187187 – 214
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Os 10 anos da Sociologia no ensino
médio no Brasil: considerações sobre
a formação de professores de
Ciências Sociais na UFSM
Ceres Karam Brum1
Resumo
O artigo objetiva efetuar um balanço da formação de professores de Ciências Sociais no Brasil, inicia-
do com a promulgação de lei da Lei nº 11.684/ 2008 (que tornou obrigatório o ensino de Sociologia
e da Filosoa no ensino médio), que se naliza com a reforma do ensino médio e a Base Nacional
delineada na Lei nº 13.415/2017. Para tanto pretendo focalizar a experiência de trabalho com as dis-
ciplinas de Ciências Sociais para o Ensino Médio e Antropologia da Educação, a partir das transforma-
ções ocorridas no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
que levaram à criação dos cursos de Licenciatura em Sociologia e Ciências Sociais nas modalidades
presencial e EAD. Em um segundo momento, pretendo propor algumas ações reexivas para os
tempos que se anunciam, efetuando uma recuperação do conceito antropológico de educação, para
colocá-lo em ação e, a serviço da formação de licenciados em Ciências Sociais no Brasil, para, como
conclusão, expressar novas vias de acesso às Ciências Sociais na escola.
Palavras-chave: sociologia, ensino médio, formação de professores
Considerações preliminares
Na atualidade educacional brasileira estamos vivendo tempos de in-
certeza e de mudanças. Segundo o entendimento dos autores Ferreti e Silva
(2017, p. 391), tivemos a passagem de um neoliberalismo de terceira via
(contexto no qual ocorreu a promulgação da Lei nº 11.684/ 2008, que
tornou obrigatório o ensino de Sociologia e da Filosoa no ensino médio),
1 Professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria. cereskb@terra.com.br
Os 10 anos da Sociologia no ensino médio no Brasil: considerações sobre a formação de professores de
Ciências Sociais na UFSM | Ceres karam Brum
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para o acirramento de políticas neoliberais tradicionais que propõem uma
formação voltada para a “prossionalização” como objetivo preponderante
do ensino médio no Brasil. Tais mudanças se expressam na recente reforma
do ensino médio, delineada na Lei nº 13.415/2017 e na proposta de uma
nova Base Nacional Comum Curricular.
Esse novo cenário nos incita a um conjunto de reexões sobre os ru-
mos do ensino médio no Brasil e nos exige um exame da experiência de
uma década de Sociologia na escola, para tentar entender as razões destas
transformações e as perspectivas formativas que se anunciam.
Para realizar um balanço destes dez anos, ao mover-me em um uni-
verso de análise entre os dois diplomas legais, pretendo rememorar meu
percurso, sublinhando alguns elementos que entendo como presentes na
formação de professores em Ciências Sociais. Tais elementos aoraram da
minha experiência de trabalho com as disciplinas de Ciências Sociais para
o Ensino Médio e Antropologia da Educação, em razão das transformações
ocorridas no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM), que levaram à criação dos cursos de Licenciatura
em Sociologia e Ciências Sociais nas modalidades presencial e EAD.
Em um segundo momento, pretendo efetuar um novo exercício de
estranhamento sobre o atual quadro legal brasileiro e das amarras curricu-
lares e formativas que nos impinge. Desejo, neste sentido, propor algumas
ações reexivas para os tempos que se anunciam, com seus desaos de pro-
funda transformação na formação de professores no Brasil. De professores
em Ciências Sociais que de certa forma perderam a referência obrigatória
da Sociologia no Ensino Médio, sem que tenha desaparecido a necessidade
da existência de uma Sociologia no currículo que se justica cada vez mais.
Minha proposta é de efetuar uma recuperação do conceito antropológico
de educação, para colocá-lo em ação e, a serviço da formação de licencia-
dos em Ciências Sociais no Brasil, para, como conclusão, expressar novas
vias de acesso às Ciências Sociais na escola.
Percurso
Em 2007, em uma noite fria de agosto, iniciei minha aula de História
da Educação para a turma especial de Licenciados em Ciências Sociais com
a seguinte indagação:

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