50 anos do movimento de reconceituação do serviço social na América Latina: a construção da alternativa crítica e a resistência contra o atual avanço do conservadorismo

AutorJosefa Batista Lopes
Páginas237-252
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50 ANOS DO MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA:
aconstrução da alternativa crítica e a resistência contra o atual avanço do conservadorismo1
Josefa Batista Lopes
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
50 ANOS DO MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: aconstrução da
alternativa crítica e a resistência contra o atual avanço do conservadorismo
Resumo: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina, deflagrado em 1965, em meio aos
movimentos por mudanças e a reação contrarrevolucionária, constitui-se um marco histórico nessa profissão. Desencadeou
a crítica ao Serviço Social Tradicional e contribuiu para a construção da alternativa crítica de orientação marxista. Este
trabalho tem como objetivos fazer indicações históricas desse movimento, destacando: sujeitos e avanços do Serviço
Social; apontar a tendência à perda de espaço da teoria crítica marxista no atual avanço do conservadorismo na América
Latina e a resistência dos profissionais e estudantes de Serviço Social como necessidade à sustentação da alternativa
crítica, particularizando a defesa do projeto ético-político profissional no Brasil. Sob a orientação do método histórico, a
elaboração utiliza revisão bibliográfica e registros da memória de vivência da autora. As considerações finais ressaltam a
vinculação do Serviço Social aos interesses das classes exploradas e humilhadas, em efetivo compromisso com a
necessidade histórica de emancipação, como o mais importante dos legados do movimento ao Serviço Social na América
Latina.
Palavras-chave: Serviço Social, América Latina, Alternativa Crítica, Conservadorismo, Resistência.
50 YEARS OF THE RECONCEPTUALIZATION MOVEMENT OF SOCIAL WORK IN LATIN AMERICA: the construction of
a critical alternative and the resistance against the current advance of conservatism
Abstract: The Reconceptualization Movement of Social Work in Latin America, broke out in 1965, among the movements for
change and counterrevolutionary reaction, constitutes a mark in this profession. It triggered the criticism of the traditional
social work and also contributed to build up a Marxist oriented critical alternative. This study aims at making historical
indications of this movement, highlighting topics such as: subjects and advances of Social Work; point out the tendency of a
loss of space of the Marxist critical theory in the current advance of conservatism in Latin America and the resistance of
professionals and students of Social Work as a need to support critical alternative, individualizing the defense of the
professional ethical-political project in Brazil. Under the guidance of the historical method, the development uses literature
review and records of the memories of the author's experience in life. The final considerations emphasize the linkage of
Social Work to the interests of the exploited and humiliated classes, in effective commitment to the historical need for
emancipation, as the most important of the movement's legacy to Social Work in Latin America.
Key words: Social Work, Latin America, Critical Alternative, Conservatism, Resistance.
Recebido em: 20.01.2016. Aprovado em: 20.03.2016.
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1 INTRODUÇÃO
Este artigo atende a solicitação da
editoria da Revista de Poticas Públicas (RPP),
do Programa de Pós-Graduação em Políticas
Públicas (PPGPP), que neste número da revista
presta um tributo aos 50 Anos do Movimento de
Reconceituação do Serviço Social na América
Latina. Considerado um marco histórico dessa
profissão, esse movimento, deflagrado em 1965,
foi fundamental na formação da consciência
crítica e de uma nova cultura dos profissionais de
Serviço Social, em torno de questões cruciais do
exercício da profissão nas sociedades
dependentes e profundamente desiguais da
América Latina. E cabe registrar o significativo
protagonismo que o Serviço Social brasileiro
exerceu nesse movimento, em particular no
âmbito da organização acadêmico-política do
grande e ativo coletivo profissional no
continente2. É importante, portanto, que seja
mantido vivo na memória de todas as gerações
de profissionais e estudantes de Serviço Social;
e nas ciências sociais, em cuja área se situa o
Serviço Social. Certamente com a consciência
de que “Os homens fazem sua própria história,
mas não a fazem como querem”. (MARX. 1974,
p. 17).
Entendo que quatro eixos de
questões foram centrais no processo de
formação da consciência crítica e de uma nova
cultura dos (as) assistentes sociais: a) as
relações de exploração e dominação das classes
trabalhadoras e subalternas no capitalismo, e as
relações de domínio do imperialismo, sob o
capitalismo monopolista, com os países do
continente; b) a tendência, desde sua origem, a
atender, fundamentalmente, os interesses das
classes dominantes, no exercício profissional
como funcionários de instituições privadas, da
Igreja e do Estado, mediando práticas
assistencialistas, filantrópicas e de ajustamento
ao sistema, ao VWDWXVTXR; c) a necessidade de,
na contradição de sua atuação na mediação da
relação entre as classes em confronto nas
relações do capitalismo, vincular-se aos
interesses das classes dominadas e exploradas,
em efetivo compromisso com a necessidade
histórica de emancipação dessas classes3; d) o
caráter pragmatista do Serviço Social, até então
dependente da literatura europeia e norte-
americana e de manuais de orientação de
prática.
O tributo da RPP aos 50 Anos do
Movimento de Reconceituação do Serviço Social
na América Latina é também o reconhecimento
da importância e necessidade de: a) seguir
aprofundando a análise desses e novos eixos de
questões que ao longo desses anos de
desenvolvimento da profissão no continente,
desde a deflagração do movimento, foram se
complexificando; b) lutar para garantir a
vinculação do Serviço Social aos interesses das
classes trabalhadoras, exploradas, dominadas e
humilhadas, em efetivo compromisso com a
necessidade histórica de emancipação dessas
classes. Este, certamente, o mais importante dos
legados do movimento à profissão no continente;
expressa uma tendência que foi constrda com

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