Prefácio da 11ª edição

AutorEvaristo de Moraes Filho - Antonio Carlos Flores de Moraes
Ocupação do AutorProfessor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Professor do Departamento de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Páginas27-28

Page 27

Continuamos a grande obra de Evaristo de Moraes Filho, alcançando a 11ª edição do livro Introdução ao Direito do Trabalho, um clássico na literatura juslaboralista exatamente por ter sido originariamente elaborado por este mestre e pensador de questões filosóficas, sociológicas e jurídicas.

Lembrei na última edição que, durante quase 16 (dezesseis) anos, os ditadores brasileiros tentaram levar Evaristo ao esquecimento, com o apoio de alguns intelectuais e juristas que conviveram com aquele regime abominável que levava o ódio, a perseguição e a discriminação à sociedade brasileira. Ao contrário, Evaristo continuou a sua vida intelectual, cada vez mais intensa, o que culminou com sua eleição para a Academia Brasileira de Letras, em 1984.

Tomou posse nessa renomada Casa da Cultura nacional no dia 4 de outubro daquele ano de 1984. Dia de São Francisco de Assis, nascido nesta data no ano de 1182 (alguns pesquisadores apontam o ano de 1181). Neste momento, Evaristo une sua vida à de São Francisco de Assis, cuja ORAÇÃO DA PAZ tem muito a ver com sua vida pessoal, por ter sido sempre um mensageiro do amor, da paz e da esperança, não trazendo em seu coração jamais o ódio, razão pela qual perdoou todos os que o abandonaram nos anos de chumbo da ditadura brasileira.

E o seu pensamento está cada vez mais atual, principalmente quando um Papa que se chamou de Francisco passa a ser o Sumo Pontífice. Exatamente em 8.7.2013, Francisco iniciou sua primeira visita em território italiano, indo a Lampedusa, uma ilha que faz fronteira entre a África e a Itália.

Lá, ele perguntou "quem é o responsável pelo sangue destes irmãos e irmãs?". E logo em seguida respondeu: "Ninguém! Todos nós respondemos assim: não sou eu, não tenho nada a ver com isso; serão outros, eu não certamente. Mas Deus pergunta a cada um de nós: ‘Onde está o sangue do teu irmão que clama até Mim?’ Hoje ninguém no mundo se sente responsável por isso; perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; caímos na atitude hipócrita do sacerdote e do levita de que falava Jesus na parábola do Bom Samaritano".

Naquela ocasião, o Papa Francisco criou a expressão globalização da indiferença, quando, lembrando Alessandro Manzoni, escritor e poeta italiano que escreveu I promessi sposi (traduzido para o português com o título Os noivos), falou sobre a figura literária do "inominado". "A globalização da indiferença torna-nos a todos ‘inominado’, responsáveis sem nome nem rosto", comentou.

Dentro...

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