A abordagem institucionalista acerca do comércio internacional em contraponto à teoria das vantagens comparativas: o sistema japonês de inovações

AutorCezar Augusto Pereira dos Santos, Dieison Lenon Casagrande, Paulo Henrique de Oliveira Hoeckel, Julio Cesar de Araújo Junior
Páginas25-46
25
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8085.2018v21n1p25
Rev. Text. Econ., Florianópolis, v. 21 n. 1, p. 25 46, dez/mar. 2018 ISSN 2175-8 085
A abordagem institucionalista acerca do comércio internacional em
contraponto à teoria das vantagens comparativas:
o sistema japonês de inovações
The institutional approach about of the international trade in counterpoint to theory of the
comparative advantages: the japanese system of innovations
Cezar Augusto Pereira dos Santos
cezarsantos1975@hotmail.com
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó)
Dieison Lenon Casagrande
dieisonlenon@yahoo.com.br
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Paulo Henrique de Oliveira Hoeckel
ph.hoeckel@gmail.com
Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Júlio Cesar de Araújo Junior
julio_economia@yahoo.com.br
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó)
Resumo: O presente trabalho analisa a visão institucional em relação à participação de uma
nação no comércio internacional e o impacto que as mudanças institucionais no longo prazo
acabam tendo sobre a liderança tecnológica mundial em contraponto à Teoria das vantagens
comparativas ao tratar desta questão. A argumentação aqui defendida, com base em uma
pesquisa histórica/ bibliográfica, é que a visão institucional pode dar uma resposta consistente
para explicar as mudanças ocorridas nas últimas décadas na posição de países como o Japão,
por exemplo, enquanto players na arena do comércio internacional em produtos de alto valor
agregado. Isto ocorre devido ao fato de a Economia Institucional levar em conta a diversidade
de fatores que afetam o desempenho de uma nação, como por exemplo, o investimento em
educação.
Palavras-chaves: Instituições; Vantagens comparativas; Inovações
Abstract: The present work analyzes the institutional vision regarding the participation of a
nation in international trade - and the impact that changes in long-term institutional end up
taking on the global technology leadership in counterpoint the Theory of comparative
advantage - when dealing this issue. The argumentation advocated here, based on a history /
bibliographical research, it is that the institutional view can give a consistent answer to
explain the changes in recent decades in the position of countries like Japan, for example,
while players in the arena of international trade in high value-added products. This occurs due
to the fact of the Institutional Economics take account the diversity of factors that affect the
performance of a nation, like for example, the investment in education.
Key-words: Institutions; Comparative advantage; Innovation
26
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8085.2018v21n1p25
Rev. Text. Econ., Florianópolis, v. 21 n. 1, p. 25 46, dez/mar. 2018 ISSN 2175-8 085
INTRODUÇÃO
Comumente, os economistas têm como foco o papel da dotação dos fatores e as
diferenças tecnológicas enquanto variáveis chaves para o avanço de uma nação na arena do
comércio internacional e, consideram as instituições como um fator exógeno na
determinação dos ganhos a partir deste comércio. Alguns economistas, como Belloc (2006),
por exemplo, investigam a persistente inconsistência entre os tradicionais modelos teóricos
acerca do tema e as evidências empíricas sobre a dinâmica do comércio entre nações. Este
autor centra sua análise no papel do ambiente institucional doméstico. Em Greif (1994) e em
Aoki (2000, 2001), respectivamente, é possível antever que a Instituição pode ser considerada
um equilíbrio perfeito em subjogos e um sistema autossustentado de convicções comuns. Ao
mesmo tempo, economistas, como Paul Krugman e Michael Porter, têm defendido a
importância de uma perspectiva local para a compreensão da dinâmica e da competitividade
das diferentes economias enfatizando tanto o processo de aglomeração espacial das atividades
econômicas, como os fatores político-institucionais como fontes de retornos crescentes
(BOSCHMA e MARTIN, 2010).
O presente estudo tem como objetivo analisar a visão institucionalista em relação à
participação de uma nação no comércio internacional e o impacto que as mudanças
institucionais têm, no longo prazo, sobre a liderança tecnológica mundial. Para tanto, é
utilizado como exemplo o caso do Japão país que “abdicou” de dedicar-se apenas a
produção de têxteis (sua vantagem comparativa na primeira metade do século XX) e que, após
uma série de mudanças institucionais, tornou-se um dos principais líderes mundiais em
diversos setores de alta tecnologia. Além disso, busca-se também analisar porque existem
instituições e qual a sua importância tanto em relação aos efeitos de transbordamentos
tecnológicos (spillovers), às políticas governamentais, e sobre os sistemas nacionais de
inovação, quanto sobre as rotinas empresariais e as inovações cumulativas.
Desse modo, questiona-se: a abordagem institucionalista é capaz de apresentar uma
alternativa de análise do comércio internacional e da liderança tecnológica que se sustente, do
ponto de vista teórico, quando em contraponto à teoria das vantagens comparativas? Para
tanto, buscam-se evidências a favor do argumento de que a abordagem institucional é mais
rica e abrangente em relação aos fatores que influenciam a competitividade de um país no
comércio internacional do que a tradicionalmente aceita.
Além desta introdução, o presente estudo conta com mais quatro seções. Na segunda é
apresentada a Teoria das Vantagens Comparativas e algumas das críticas a ela presentes na
literatura econômica. Na terceira é analisado o porquê de existirem instituições e seus efeitos

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT