Adotar é ser adotado

AutorHélio Ferraz de Oliveira
Páginas37-42

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Conforme apresentado no capítulo anterior, a alteração do foco no processo adotivo para a primazia do interesse da criança e do adolescente fez com que se buscasse a efetiva busca pelo melhor interesse do menor.

Adaptando-se a esta situação a lei 12.010 de 2009, alterando os artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente passou a determinar entre outras coisas o direito de ser ouvida e sempre que possível sua opinião considerada quando se tratar da questão afetiva para a adoção.

Este princípio encontrava-se previsto na Convenção de Haia que trata sobre a sistemática adotiva, entretanto muitos juízes e técnicos judiciários não permitiam a oitiva das crianças e dos adolescentes sob entendimento de que não seriam capazes de manifestar sua vontade de forma correta.

Com a alteração do texto legal, tal situação passou a ser exigência legal, ou seja, sempre que possível a criança e o adolescente passam a ser ouvidos judicialmente, sendo que na medida do possível (justificando-se a impossibilidade) sua opinião deverá ser considerada.

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Esta situação trás uma grande possibilidade, que é a de a criança e o adolescente "adotarem" os seus adotantes, uma vez que passam a ter importante poder de decisão no repercutir do procedimento adotivo.

Além deste fato, o primeiro passo para a adoção é que o/a(s) adotante(s) abram seu coração para serem adotados, pois a adoção não é apenas a inclusão de uma criança na vida de uma família, mas também e principalmente a inclusão de muitas pessoas na vida de uma criança, que em geral, possui uma história de vida muito sofrida, ligada a rompimentos e muitas vezes sofrimento pessoal.

Muitos adotantes, ao buscar o caminho da adoção, tendem a idealizar a criança, deixando desenvolver neste período toda imaginação adotiva e criando a imagem de uma criança perfeita (diferente de qualquer criança, de origem adotiva ou não), isto é, a idealização da criança e/ou do adolescente no decorrer do processo adotivo, muitas vezes é a grande responsável pela devolução, uma vez que a criança "idealizada" tende a ser bem diferente da criança "real".

Da mesma forma a criança que vivencia o acolhimento institucional, por vezes tende a criar a idealização de uma família ideal, o que também dificulta o processo de adaptação.

Muitos casais, quando chamados ao estágio de convivência (momento em que passarão gradativamente a se aproximar de uma criança ou adolescente) tendem, por insegurança a transparecer para o adotando uma...

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