Anos após a compra, imóveis inacabados e boletim em delegacia

Ocorrência contra vaccari fala em estelionato; bancoop cobra r$ 90 mil dos já que quitaram apartamento

Germano Oliveira

germano@sp.oglobo.com.br

À espera. Helena Malachias: apartamento comprado em 2001, em São Paulo, ainda não foi entregue pela Bancoop

Fernando Donasci

Minha casa, meu pesadelo

SÃO PAULO

O engenheiro Cláudio Martins Cabrera, de 50 anos, cansou de esperar para receber o apartamento comprado junto à Bancoop em 2008 no Edifício Ilhas de Itália, na Mooca, em São Paulo, e foi na última terça-feira ao 18º Distrito Policial de São Paulo lavrar um Boletim de Ocorrência por estelionato contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto (na época ele era o presidente da cooperativa) e contra a Construtora OAS, contratada para terminar o Ilhas de Itália e que vem sendo investigada também pela Operação Lava-Jato. Segundo o engenheiro, a OAS assumiu a construção do edifício onde ele havia comprado seu apartamento e o vendeu para outra pessoa, Roberto José Karsakas. Ele pagou R$ 43,5 mil pelo imóvel em 2008.

- Com a incapacidade da Bancoop de construir o imóvel, Vaccari contratou a OAS para finalizar o edifício, forjando assembleias de moradores, reforçadas por seus capangas petistas. A OAS assumiu as obras e mudou o projeto, vendeu metade do terreno do empreendimento por R$ 21 milhões e revendeu imóveis já pagos à Bancoop. Em 2011, mandei uma correspondência à OAS desejando quitar todo meu débito, para receber a escritura, mas nunca mais recebi qualquer resposta. Só agora soube que eles venderam meu apartamento para outra pessoa - disse Martins Cabrera.

A delegada Adonilza Lopes de Oliveira deve mandar abrir inquérito contra Vaccari e a OAS.

Martins Cabrera é apenas um dos 3.100 prejudicados pela Cooperativa dos Bancários da CUT. Helena de Campos Malachias, de 63 anos, comprou em 2001 um apartamento no Residencial Anália Franco, na Zona Leste, pelo qual pagou R$ 160 mil em parcelas mensais. A Bancoop disse que lhe entregaria o imóvel em 2006, mas a torre B do edifício está inacabada até hoje, virando um gigantesco esqueleto de 21 andares. Duas torres desse empreendimento estão com as estruturas enferrujando. Só as torres C e D terminaram.

- Agora me informaram que vão terminar a obra, mas que eu preciso pagar mais R$ 90 mil, por conta das dívidas da cooperativa no mercado, ou em parcelas de R$ 3 mil mensais. Como eu ganho R$ 5 mil como aposentada, não tenho como pagar essa dívida - disse Helena, que mora na casa de irmãos "de favor", enquanto...

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