Antropologia forense odontológica

AutorLuis Carlos Cavalcante Galvão
Páginas303-323

Page 303

A Antropologia estuda o homem em muitas variáveis: social, cultural, criminal, nutricional, organizacional etc. A Antropologia Forense é a aplicação de todos esses conhecimentos no auxílio à justiça.

A Antropometria é o estudo no indivíduo vivo, morto ou em seus restos biológicos ósseos de mensurações como: espessuras, diâmetros, ângulos, comprimento, largura, peso, etc., para fins de identificação.

Hoje há doutrinadores que defendem, pelo célere desenvolvimento científico da odontologia, a nomenclatura "Antropologia Forense Odontológica".

Esta matéria estuda os dentes, aparelho estomatognático e o crânio aplicando a Antropometria para a busca de diagnósticos, determinado e/ou estimado dos dados antropológicos: espécie, sexo, idade, estatura, fenótipo, cor da pele e peso.

Dentre os Doutrinadores estão: Genival Veloso de França, Moacyr da Silva, Eduardo Daruge (in memoriam), Francisco Morais Silva e Jorge Souza Lima (in memoriam).

Na atualidade já não se admite um serviço de antropologia forense, sem a presença de um Odonto-Legista, pela quantidade e qualidade dos dados oferecidos pelos arcos dentais e aparelho estomatognático.

Quantitativamente, o foramem magno é maior no homem, tanto no comprimento como na largura, no entanto fórmulas estatísticas revelaram índice de acerto pouco acima do acaso, sendo um método cuja confiabilidade deve ser vista com reserva (Galvão & Vitoria, e Teixeira).

Galvão e Vitoria estudaram o foramem magno em 114 crânios e encontraram para o comprimento a média de 35,71 milímetros para o masculino e 33,97 para o feminino. A largura apresentou média de 30,41 milímetros para o masculino e 29,06 milímetros para o feminino.

Page 304

O índice condílico de Baudoin é representado pela seguinte fórmula:

Galvão em 1994, e Barreto Filho, em 2002, estudando este índice em crânios que pertenciam a indivíduos brasileiros encontraram índice de acerto de 60 e 58%, respectivamente.

O processo mastóideo foi estudado quantitativamente por Galvão (1998) e Saavedra (1999).

Sabe-se hoje, com absoluta segurança, que questões climáticas, culturais, nutricionais, trabalhistas e as coordenadas geográficas Latitude e Longitude exercem influência direta sobre a ossatura e dentição humana. Tomemos como exemplo apenas um occipital que foi apresentado para ser periciado em relação ao sexo da pessoa a quem este osso teria pertencido.

Qualitativamente nesta peça óssea, em média o processo mastóide é maior e mais proeminente no homem, e menor e discreto na mulher.

Os côndilos occipitais têm forma de sola de sapato no homem (compridos e estreitos) e na mulher riniforme (curtos e largos).

As rugosidades occipitais (local de inserções musculares) são marcadas ou ásperas no homem e lisa ou apagadas na mulher.

No entanto, sob este aspecto, se tomarmos para exame um occipital de uma mulher do Nordeste, que nos períodos de seca, anda diariamente 3 km com

Page 305

uma lata de água de 20 litros sobre a cabeça, ou diariamente com um feixe de lenha, nossa chance de erro é muito grande, pois teremos inserções marcadas ou ásperas, apesar deste osso ter pertencido a uma mulher. Por isto, nunca devemos nos basear num só acidente anatômico para firmamos um diagnóstico.

O crânio sob aspectos qualitativos

Galvão 1994 estudou morfologicamente acidentes anatômicos em 145 crânios, encontrando os seguintes resultados:

O crânio masculino apresenta diferenças morfológicas significativas em relação ao feminino.

Os acidentes anatômicos do esqueleto cefálico, em média, apresentam-se diferentes. Vale salientar que nenhum detalhe anatômico isoladamente serve para definir o sexo da pessoa a quem o crânio teria pertencido. O dimorfismo sexual através do crânio está relacionado na tabela a seguir:

Page 306

Page 307

O Crânio Sob Aspectos Quantitativos

O Prof. Ramirez, do México, apresenta a seguinte tabela quantitativa do dimor-fismo sexual no crânio:

Page 308

Esta tabela pode ser usada como tabela de decisão quando a maioria dos dados obtidos converge para um ou outro sexo.

Galvão (1994) estudou 11 medidas lineares cranianas do meato acústico externo, aos pontos craniométricos: Gnátio, próstio, espinha nasal anterior, glabela, bregma, vertex, lâmbida, opistocrânio, ínio, mastóideo e gônio.

Concluindo que, quando o somatório destas medidas é abaixo de 1.000, muito provavelmente este crânio pertenceu a indivíduo do sexo feminino, acima ao masculino.

Page 309

Page 310

Galvão, em 1998, estudou a curva frontal e o comprimento apófise mastóidea, concluindo que é possível investigar o sexo através destas mensurações, por três metodologias.

REGRESSÃO LOGÍSTICA

Sexo =e (20,4700 – 0,22652 x APOMAST – 0,1051 x CF) / 1 + e (20,4700 – 0, 2652 x APOMAST – 01051 x CF)

e = Constante Neperiana de Euler 2,71828

CF = Curva Frontal

APOMAST = Apófise Mastóidea Regressão Logística

O resultado de equação indica a pertinência ao sexo feminino.

ANÁLISE DE FUNÇÃO DISCRIMINANTE

Feminino = -148,40698 + 2,04927 x CF + 1,64316 x APOMAST Masculino = -168,22068 + 2,14787 x CF + 1,89742 x APOMAST O maior resultado indica o sexo.

Média e Intervalo de confiança com 95% de confiança.

Page 311

Em mais um trabalho, Galvão (1998) mensurou a distância entre os forames infra-orbitais, e encontrou uma média de 61,28mm para o sexo masculino e 57,79mm para o sexo feminino. De acordo com o intervalo de confiança, os resultados foram os seguintes:

Encontraram o número de corte de 891,12. Acima deste número, o crânio muito provavelmente pertenceu...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT