Arendt sobre Hobbes como o verdadeiro filósofo da burguesia

AutorAdriano Correia
CargoDoutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Páginas147-156
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2015v12n1p147
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Adaptada.
ARENDT SOBRE HOBBES COMO O VERDADEIRO FILÓSOFO DA BURGUESIA
Adriano Correia
1
Resumo:
Em As origens do totalitarismo, quando examina os elementos e origens da
dominação total, Hannah Arendt dedica especial atenção à emancipação política da
burguesia. Para Arendt o imperialismo é a verdade da compreensão burguesa da
política, consoante a qual a política não deve ser mais que uma força policial bem
organizada. A verdade da política burguesa é a redução da política a mera força.
Nosso propósito consiste em reconstruir esse percurso a partir da perspectiva
privilegiada de apropriação arendtiana de Hobbes, “o verdadeiro filósofo da
burguesia”.
Palavras-chave: Arendt. Imperialismo. Burguesia. Hobbes. Força.
A segurança é o conceito social supremo da sociedade burguesa, o
conceito da polícia, no sentido de que o conjunto da sociedade só
existe para garantir a cada um de seus membros a conservação de
sua pessoa, de seus direitos e de sua propriedade.
Karl Marx, A questão judaica.
Em um movimento central de sua obra, no ensaio “O que é liberdade?”,
reunido em Entre o passado e o futuro, Hannah Arendt sustenta que o liberalismo,
não obstante seu nome, colaborou para banir a noção de liberdade do
âmbito político. Pois a política, de acordo com a mesma filosofia, tem de se
ocupar quase que exclusivamente com a manutenção da vida e a
salvaguarda de seus interesses. Ora, onde a vida está em questão, toda
ação se encontra, por definição, sob o domínio da necessidade, e o âmbito
adequado para cuidar das necessidades vitais é a gigantesca e ainda
crescente esfera da vida social e econômica, cuja administração tem
obscurecido o âmbito político desde os primórdios da época moderna
2
.
Esta observação não é trivial e sua compreensão exige alguma atenção, não apenas
porque Arendt foi muitas vezes filiada por seus críticos à tradição liberal, à qual ela
claramente se opunha, mas também porque a liberdade é um tema central para uma
1
Doutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Cam pinas (UNICAMP). Professor e diretor da
Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás, Goiania, GO, Brasil. E-mail:
correiaadriano@yahoo.com.br
2
“O que é liberdade?”, Entre o passado e o futuro,p. 202.

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