Atletas demonstram incômodo com 'privilégio' de vacinação contra Covid-19: 'me sinto sem graça', diz Isaquias

Agência O Globo -BRASILIA E RIO — A vacinação contra Covid-19 dos atletas brasileiros que vão aos Jogos de Tóquio começa nesta quarta-feira, a menos de três meses do início do evento, em 23 de julho. Notícia comemorada por eles, mas com parcimônia. Alguns representantes do país se mostraram incomodados com o "privilégio" de entrar no grupo prioritário para imunização. Caso de Aline Silva, do wrestling; de Isaquias Queiroz, da canoagem; e de Bruno Schmidt, do vôlei de praia.- Claro que fiquei feliz com a notícia de que vou me vacinar, mas, por exemplo, minha mãe não se vacinou... meus parentes precisam da vacina. E não chega. Acho muito triste não ter um plano nacional de vacinação efetivo mesmo - disse Aline, de 34 anos: - Os Jogos Olímpicos não estão acima da vida das pessoas. Por ser atleta olímpica classificada, eu não valho mais do que qualquer um que pega ônibus todos os dias para ir trabalhar. Vou me vacinar com o coração confuso. É uma mistura de sensações, de alegria, privilégio e pena. Eu realmente gostaria de estar vivendo um período diferente nesse sentido, com os pobres todos imunizados e num estágio de vacinação adiantado.A vacinação será feita com doses doadas da Pfizer (4.050) e da Coronavac (8.000) via Comitê Olímpico Internacional (COI). Parte será usada para imunizar os atletas e demais envolvidos na Olimpíada; as demais serão incluídas no Programa Nacional de Imunização (PNI). Esse fato deixa Aline mais confortável. Ela ressalta que essas vacinas não chegariam ao Brasil se não fossem o Jogos e que, para competir com segurança, a imunização se tornou necessária.- Para não piorar a situação no Japão, no geral, na volta para a casa. Então, do ponto de vista prático e objetivo, não é a Olimpíada e esta doação que estão tirando vacina de quem precisa. O problema é a falta de liderança, organização e importância que o governo deveria ter dado, lá atrás, ao tema.Leia mais: Atletas que vão a Tóquio-2020 serão vacinados em instituições militares de seis capitaisBruno Schmidt, também de 34 anos, que teve o caso mais grave de Covid-19 entre os atletas do Brasil, comentou esse sentimento dúbio. Ele ficou 13 dias internado num hospital, cinco deles na UTI. Chegou a ter mais de 70% de seus pulmões comprometidos.- Claro que me sinto feliz. A vacinação é eficaz para evitar contaminação e isso vai dar uma sensação de segurança para todos. Mas não posso deixar de pensar nos meus pais, por exemplo. Eles ainda não se vacinaram. E, se eu...

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