Estado, autoritarismo e luta de classes

AutorAngela Santana do Amaral - Juliane Feix Peruzzo
Cargoangelaufpe@yahoo.com.br Doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - peruzzo.juliane@gmail.com Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Docente do Departamento de Serviço ...
Páginas1-6
DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e78603
EDITORIAL
1
R. Katál., Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 1-3, jan./abr. 2021 ISSN 1982-025
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution Non-
Commercial, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins
comerciais e que o trabalho original seja corretamente citado.
ESTADO, AUTORITARISMO E LUTA DE
CLASSES
Angela Santana do Amaral1
https://orcid.org/0000-0003-2038-1296
Juliane Feix Peruzzo1
https://orcid.org/0000-0001-9834-0334
1Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
O conjunto de textos que compõe este número da Revista Katálysis, enfeixados na relação
Estado, autoritarismo e luta de classes, não poderia ser mais oportuno e necessário para refletir sobre
as inquietações e desafios do tempo presente. Os textos revelam uma forte conexão com realidades
pulsantes em diversos quadrantes do mundo, enfocando dimensões e tendências que enfrentam a
compreensão do capitalismo contemporâneo e suas formas vivas de barbárie. Sob o ponto de vista
do continente latino-americano, os textos recuperam as determinações sócio-históricas, econômicas,
políticas e culturais que caracterizam o caráter dependente das suas formações particulares, chamando
atenção para as referências que encontram, na totalidade da vida social, a sua crítica.
Neste sentido, os escritos aqui publicados dialogam, em sua maioria, com vertentes da tradição
marxista, reivindicando a memória e a trajetória dos povos explorados e oprimidos da América Latina,
Caribe e também Ásia e África, reconstruindo a natureza do Estado e das forças sociais em presença
e como elas se movimentam para enfrentar as formas de dominação burguesa e as conjunturas de
violência estrutural a que estão submetidos.
Ao situar o caráter classista do Estado e suas articulações com as classes e frações capitalistas
dominantes no mundo, os artigos remetem à condição subalterna e periférica das economias analisadas,
enfatizando a ideia de que as dimensões econômicas e políticas são indissociáveis e indispensáveis para
sustentar os processos autoritários historicamente vigentes e, fundamentalmente, para tornar subjetiva
a objetividade burguesa.
À abordagem da inserção econômica dos países em tela evoca o par conceitual desenvolvimento-
desigualdade para explicar a sociabilidade construída e, a ela comparecem, não de forma hierárquica,
elementos fundamentais que conformam modos de vida compatíveis com a racionalidade burguesa.
Aqui fica evidenciado o quanto as economias dependentes e seus governantes locais, sob contextos
diversos, abdicaram da construção de projetos nacionais, desde os interesses “dos de baixo” e se
inseriram no mercado mundial de forma desigual e combinada, mas, alavancando, sempre, os processos
de expansão e reprodução do capital.
As análises sobre o tema são profundamente matrizadas pelo pensamento do saudoso Florestan
Fernandes e reivindicado para pensar o Brasil e sua configuração econômica, sociopolítica e cultural,
bem como as redes de poder que foram tecidas no interior do Estado, em associação com o capital
estrangeiro. Nessa totalidade, a dominação imposta sobre os explorados e verdadeiros produtores da
riqueza socialmente produzida incidiram prioritariamente sobre os negros/as e os povos originários,
sendo essencialmente marcada por formas violentas de expropriação das suas terras, ausência de
proteção social e passivização das suas lutas. Não menos importante, são evocados autores que se

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