O avô na literatura e o acesso aos netos

AutorRoberto Rosas
Ocupação do AutorProfessor Titular da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília
Páginas329-332
O ANA LITERATURA
E O ACESSO AOS NETOS
Roberto Rosas
Professor Titular da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. Doutor em Direito
pela Faculdade de Direito da UFRJ. Doutor em Direito pela Universidade de Brasília.
Mestre em Direito pela Universidade de Brasília. Membro da Academia Brasileira de
Letras Jurídicas. Ex-Ministro do Tribunal Superior Eleitoral.
Fala-se muito na maternidade e na paternidade, assim, pai e mãe, e os avós? Essa
aproximação será, cada vez, maior com o aumento da idade, e da média de vida, hoje 74
anos, permite a aproximação neto e avô, num encontro de gerações.
Na legislação, a Constituição Federal já chegava ao avô, ao def‌inir a responsabili-
dade dos f‌ilhos, na velhice dos pais, e por que não estender esse dever aos netos?, af‌inal
os avós servem como amortecedores das proibições contidas na paternidade, no dizer do
antropólogo Roberto da Matta
Em geral, os f‌ilhos reclamam da rigidez dos pais, mas enaltecem a lassidão dos avós,
tudo é permitido, os pais educam e os avós deseducam. Como diz VeríssimoO avô é
um pai com licença para estragar a criança (O Estado de São Paulo – 29/3/20), ou no dito
popular – avó é a mãe que teve uma segunda chance.
Decorre dessa convivência, que os avós exageram nas qualidades e nas belezas dos
netos, mas os netos não mostram as fotos dos avós. É o carinho do avô, que é um pai
sem exigências.
Certamente os avós estão em boa idade para a aproximação com os netos, apenas
casamentos precoces levam os avós jovens (em torno de 50 anos). Essa relação de idade,
compatibiliza-se com a velhice, e esta, como se caracteriza? No Hamlet (ato II) – dizem
que a velhice é a segunda infância, de fato, há uma aproximação física e mental entre o
começo e o f‌im da vida. Nas palavras de Hamlet – “porque vós mesmos, meu senhor, f‌icaríeis
tão velho quanto eu, se pudésseis andar para trás como um caranguejo”. Cícero ironizou
todos desejam chegar à velhice e quando chegar a ela acusam-na, ou na caracterização
irônica de Mário Quintanavelhice é quando um dia as moças começam a nos tratar com
respeito e os rapazes sem respeito nenhum (A Vaca e o Hipogrifo). A velhice prepara o ser
para um novo comportamento, forrado da experiência e da lembrança, oportunidade
de excluir erros e seguir trilha certa, na linha de Norberto Bobbio – “O grande patrimônio
do velho está no mundo maravilhoso da memória” (O tempo da memória).
Mas com a memória viva, os avós encantam a vida dos outros, e vão ilustrar a lite-
ratura, principalmente infantil.
No formidável Monteiro Lobato, Dona Benta no Sítio do Pica Pau Amarelo (Reinações
de Narizinho).
Erico Veríssimo descreve a família gaúcha cambará, no centro a matriarca avó Ana
Terra (O Tempo e o vento).
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