Brazilian scientific publications on junior companies in administration area: a bibliometric study/ Publicacoes cientificas brasileiras sobre empresas juniores na area de administracao: um estudo bibliometrico.

AutorBervanger, Elisiane
CargoEnsino em Administracao

Introducao

Dentre as definicoes encontradas na literatura, Stoner e Freeman (2010, p. 4) conceituam Administracao como o "processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da organizacao, e de usar todos os recursos disponiveis da organizacao para alcancar objetivos estabelecidos". Nesse sentido, Daft (2010) indica que e responsabilidade da Administracao a busca das metas organizacionais de modo eficiente e eficaz, por meio dos processos de planejamento, organizacao, lideranca e controle. Compreendem-se nestas definicoes as praticas de responsabilidade do Administrador, que sao aplicadas, dentre tantas possibilidades que a carreira proporciona, na realizacao da consultoria empresarial.

A consultoria empresarial e uma das atividades indicadas para a atuacao do Administrador. Andrade (2009, p. 2) destaca que "[...] a pratica da Consultoria de Organizacao, com uma preparacao adequada deve anteceder o exercicio da profissao [...]". Dentre as formas de se exercer a consultoria durante o curso de graduacao em Administracao tem-se a participacao em Empresas Juniores (EJ's), o que oportuniza a aquisicao de habilidades diferenciadas durante a formacao academica, podendo aumentar a empregabilidade (King, Burke & Pemberton, 2005).

A EJ e uma Associacao sem fins lucrativos, localizada na propria universidade, que propicia aos academicos a atuacao no mercado de trabalho previamente a sua formatura. De acordo comZiliotto e Berti (2012, p. 213) "aEJ proporciona a aplicacao pratica do conhecimento teorico relativo a area de formacao que o aluno tem dentro da universidade". Alem de desenvolver uma postura seria em relacao aos problemas apresentados pelos clientes, a EJ ainda estimula o senso da responsabilidade, a capacidade de negociacao e o trabalho em equipe (Oliveira, 1997). Apesar de sua relevancia, as EJ's constituem um espaco de aprendizagem pouco explorado pelas Instituees de Ensino Superior (IES) e necessitam ser revitalizados, tendo em vista os beneficios que outorgam para todos os atores envolvidos (Andrade, 2009).

Apesar de a EJ ser um recurso de aprendizagem teorica associada a vivencia de situacoes praticas no campo da formacao de jovens estudantes, e com significativa importancia aos mesmos, a disponibilidade de informacoes e conhecimentos sobre ela ainda e restrita (Vasquez et al., 2012). Assim, observa-se a importancia de tracar um panorama teorico sobre o papel da EJ na formacao do graduando, visando contribuir para uma melhor compreensao das suas peculiaridades. Este artigo e desenvolvido a fim de contribuir para minimizar esta situacao, tendo como objetivos: (i) identificar as principais caracteristicas da producao e publicacao cientifica brasileira em Administracao sobre o tema Empresa Junior, bem como (ii) analisar o papel desempenhado por essas Associacoes no contexto de formacao academica. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliometrica seguida de uma analise de conteudo em publicacoes que versam sobre a tematica EJ nos principais eventos e periodicos nacionais de Administracao. Desta forma, a conducao da pesquisa seguiu metodologia mista, adotando perspectiva quantitativa, para a conducao do estudo bibliometrico, seguida da perspectiva qualitativa, para a realizacao da analise de conteudo.

Justifica-se a realizacao deste estudo pela necessidade de obter mais conhecimento sobre EJ, uma vez que este tema apresenta-se util e pouco explorado pelo meio academico. Emmendoerfer, Carvalho e Pereira (2008, p. 446) destacam que "a EJ nao e um campo muito investigado pelos estudantes de uma Instituicao de Ensino Superior. As pesquisas sobre o Movimento Empresa Junior (MEJ) e sobre as EJ's sao escassas, muitas vezes porque o aluno desconhece essa possibilidade ou pela falta de interesse, que deveria ser incitado na sua formacao.".

A EJ possibilita aos seus membros a identificacao de falhas e oportunidades no mercado de trabalho, antes mesmo de fazerem parte dele (Dalmoro et al., 2008). Assim, torna-se mais facil fazer proposicoes e encontrar portas abertas nos lugares corretos. Os estudantes que atuam em EJ's tendem a ser capacitados muito alem da graduacao. Essa capacidade de aliar teoria a pratica vai construindo uma postura maior em cada uma das pessoas que estao no MEJ. Neste sentido, observa-se o importante papel desempenhado pelas EJ's no contexto de formacao academica, instigando a realizacao deste trabalho teorico que busca a identificacao de potencialidades e dificuldades na EJ relatadas em estudos anteriores, contribuindo para a ampliacao da discussao teorica do tema.

O Movimento e a atuacao da Empresa Junior

O MEJ teve inicio na Franca, em 1967, como resultado de um projeto do governo frances para promover a criacao de novas empresas (Concentro, [s.d]). No ano de 1969 mais de vinte EJ's em plena atividade na Franca fundaram a Confederation Nationale des Junior-Entreprises (CNJE), com o objetivo de promover e representar o MEJ na Franca, protegendo e defendendo a marca EJ nesse pais, com a finalidade de assegurar a qualidade dos estudos realizados por essas associacoes. Na decada de 80, esse movimento, que no inicio era constituido apenas por estudantes de comercio e Administracao, se estendeu a outras areas, como arquitetura, engenharia, entre outros (Matos, 1997).

As EJ's sao constituidas de alunos matriculados em cursos de graduacao em institutes de ensino superior, organizados em uma associacao civil com a finalidade de realizar projetos e servicos que contribuam para o desenvolvimento do pais e de formar profissionais capacitados e comprometidos com esse objetivo (Brasil Junior, 2014). Sem foco no lucro, a moeda de troca das EJ's e o conhecimento, ja que ele e almejado em cada projeto realizado pelos alunos empresarios (Batista et al., 2010). Assim, essas Associacoes tem sido compreendidas como um locus interessante de aprendizagem para os seus membros, sendo relevantes para alem do aprimoramento das competencias profissionais dos empresarios juniores, quanto na sobrevivencia, continuidade e prosperidade da EJ no mercado (Santos et al., 2013). Esses autores ainda destacam que "o contexto da EJ se apresenta com multiplas possibilidades de aprendizado, tanto por meios tradicionais, como leitura de livros, palestras e treinamentos, como por meios mais interacionais e sociopraticos.".

A participacao dos academicos nas atividades propostas pelas EJ's no decorrer da graduacao torna-se estimulante, pelo fato de complementar o ensino das salas de aula e auxiliar a inclusao do aluno no mercado de trabalho, ampliando os seus conhecimentos tecnicos e profissionais (Sangaletti & Carvalho, 2004). A EJ contribui para a formacao de empreendedores ligados a criatividade e a inovacao, pois o contato direto que os mesmos possuem com empresas de pequeno e medio porte desperta o interesse para serem os proprios empresarios fundadores de suas empresas (Junkes, Rosauro & Benko, 2004). "A associacao entre Empresa e Universidade e extremamente benefica, e nao somente para os alunos, mas para as proprias Universidades" (Sobreira, 2001, p. 57). Por meio da perspectiva institucional, as universidades sentem os principais beneficios em incentivar as EJ's, pois a qualidade da formacao dos alunos e ex-alunos faz a propaganda da instituicao. A procura pela instituicao nao cresce apenas pela presenca da EJ, mas por causa dela e possivel vender uma imagem positiva da instituicao (Matoski & Franca, 2006).

No Brasil, as EJ's encontram-se organizadas em Federacoes Estaduais, que constituem a Confederacao Brasileira de Empresas Juniores, a Brasil Junior (Concentro, [s.d]). De acordo com o Censo e Identidade da Confederacao Brasileira de Empresas Juniores (2012), em media, sao dezesseis EJ's em cada Unidade Federativa no Brasil, estando mais da metade concentrada nas regioes sul e sudeste do Brasil. Quanto as areas de atuacao, a maioria encontra-se nos cursos de Engenharia, com 29,86%, e de Ciencias Sociais Aplicadas (Administracao, Ciencias Contabeis, etc.) apresentando uma percentagem de 23,29%. Entre as EJ's que atuam em areas mistas, 24% delas estao vinculados aos cursos de Engenharia e Ciencias Humanas, e 21% com as categorias Engenharia e Ciencias Sociais Aplicadas.

A EJ cumpre papel importante, como alternativa de dinamizar e integrar a formacao academica com a profissional. Na graduacao em Administracao esta contribuicao torna-se ainda mais relevante, visto a extensa lacuna existente entre a formacao academica e o perfil profissional exigido pelo mercado de trabalho (Cavalcanti, Moretto Neto & Bento, 2009). Na proxima secao, realiza-se uma discussao que visa ressaltar a funcao da EJ como oportunidade de aprimoramento formativo.

A Empresa Junior como instrumento de aprendizagem na formacao do administrador

"Administradores sao planejadores, organizadores, lideres e controladores das organizacoes" (Stoner & Freeman, 2010, p. 9). Uma das funcoes dos administradores e a consultoria empresarial. Em virtude disso, deve existir no campo da Administracao a preocupacao de diminuir a distancia entre o que se ensina em sala de aula e a pratica no ambiente organizacional (Franco & Feitosa, 2006). Entre os dilemas da formacao do academico, Demo (1986) apresenta a necessidade de qualidade formal, aquela referente aos metodos, instrumentos e tecnologias utilizados para alcancar os objetivos praticos do exercicio de uma carreira profissional ou academica. Para tanto, utilizam-se varias alternativas para que o estudante se insira numa atmosfera onde ele vivencie o ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que reflita sobre o que esta aprendendo nas aulas. E nesse contexto que a EJ cumpre papel fundamental, aliando a teoria a pratica, desenvolvendo atividades de consultoria empresarial, complementando a formacao academica.

Os servicos de consultoria sao prestados, principalmente, para micro e pequenas empresas; em alguns casos a prestacao de servicos ocorre para grandes empresas, como unidades da...

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