Caçadora de stalkers virtuais

AutorGisele Truzzi
CargoAdvogada Digital
Páginas20-25
20 REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 658 I JUN/JUL 2019
ENTREVISTA
Caçadora
de
stalkers
virtuais
Gisele Truzzi,
ADVOGADA DIGITAL
Aadvogada Gisele Truzzi viveu um dilema na adolescência. Balançando entre o
direito e a pesquisa genética, neste caso uma predileção provocada pela farta
leitura sobre o tema, ela chegou a prestar vestibular para biologia na Unicamp,
na condição de treineira – era aluna do segundo ano do ensino médio. Foi apro-
vada, mas outra vez relutou. Se decidisse cursar biologia, muito provavelmente
ela teria que ser professora. E era tudo o que ela não queria. Por outro lado, se optasse por
direito, Gisele teria a chance de estudar na capital paulista. E era tudo o que ela queria.
Em 1999, mal completados os 19 anos, ela matriculou-se na Universidade Mackenzie e
pisou firme na carreira. A princípio estagiou voluntariamente em vara da Justiça Federal
na Avenida Paulista, o centro financeiro da metrópole; depois na 3ª Vara Federal Previ-
denciária, onde permaneceu por dois anos e, diz, aprendeu muito. “Trabalhei com a juíza
titular e com auxiliares jurídicos e cumpri assim todas as fases de conhecimento que me
foram oferecidos.” Ao conquistar a condição de estagiária remunerada (R$ 300 por mês),
transferiu-se para um escritório no bairro do Itaim Bibi, sob as ordens de um criminalista.
Àquela altura, Gisele já sabia bem o tema de sua monografia de conclusão de curso.
Queria escrever sobre crimes eletrônicos, mas o ano ainda era 2002, a internet era discada
e as redes sociais não passavam de um conceito vago. Diante do descrédito dos colegas,
que duvidavam que ela reuniria material suficiente para embasar um texto acadêmico,
Gisele nadou contra a corrente. Emprestou, pesquisou e comprou livros e revistas técni-
cas novos e usados, nacionais e estrangeiros, ao alcance de suas economias. Ao longo dos
cinco anos de faculdade também reuniu respeitável acervo de recortes sobre o assunto.
Ao defender sua monografia na banca, em 2004, ela tratou de associar a questão ao direi-
to penal e advogou que o crime eletrônico prescindia de lei específica, uma vez que 97%
das infrações estariam vislumbradas no Código Penal. Sua nota foi 10. Com louvor.
Aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil no ano seguinte, Gisele só fez
perseverar. Em 2005, passou a trabalhar em um escritório de advocacia criminal, concen-
trando todos os casos que tratavam de direito digital, na época relacionados principal-
mente a fraudes eletrônicas detectadas em instituições financeiras. Depois de uma breve
passagem pelo escritório de Patrícia Peck Pinheiro, um dos mais conceituados do país na
área de crimes eletrônicos, Gisele decidiu que era hora do voo solo. Convenhamos, os pla-
nos, em 2010, eram um pouco diferentes. Ela pensava em um ano sabático, em “ficar off” e
então decidir que rumo tomaria. Mas a demanda por palestras e a solicitação de clientes
Rev-Bonijuris_658.indb 20 24/05/2019 10:51:54

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