Caso 26. Médico-Advogado

AutorAntonio Carlos da Carvalho Pinto
Ocupação do AutorProfessor de Direito Processual Penal. 'Ex' Coordenador de Direitos e Prerrogativas da OAB/SP.
Páginas267-272

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Advogado, mestre, presidente de partido político, o colega Santucci conseguiu realizar antigo "sonho".

Comprou um "sítio", próximo da cidade de "Franco da Rocha", onde se situava o maior Hospital Psiquiátrico da América do Sul, nosocômio de péssima memória, à época, sob a direção do famoso psiquiatra chamado Fraletti.

Como o mais das vezes acontece, passados alguns meses, o "caseiro" passou a "mostrar as unhas", bebendo a mais não poder, deixando os serviços básicos "de lado", até mesmo em relação aos animais, cães, galináceos, uma vaca leiteira e uma égua, da meeira da propriedade, "paixão" da mulher do advogado.

Durante a semana, o caseiro "pegava a égua", ia para uma "vendinha" próxima, "enchia a cara" e ficava mal dizendo o patrão, alardeando não suportar as injustas "chamadas" do senhorio, eis que o serviço era bem feito e o advogado "de bosta" nada entendia de sítio.

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O empregado, sob o império do álcool, fazia público haver sido ameaçado de agressão, mas dizia que não tinha medo porque, se necessário, "metia a faca".

Num final de semana, o advogado-sitiante foi até a tal "vendinha" para comprar alguma coisa.

Nesse ensejo, ficou sabendo tudo quanto o "caseiro" costumeiramente propalava, sendo advertido pelo comerciante que "tomasse muito cuidado", até porque, referindo-se ao empregado, "o homem já havia arrumado confusão e era bom de briga".

Naturalmente, o advogado relatou tudo à mulher e, de forma educada, determinou ao empregado que se abstivesse de expender comentários acerca da convivência trabalhista, enfatizando as informações obtidas na tal "vendinha", sob pena de "demissão por justa causa", sem qualquer indenização.

Essa advertência ocorreu num domingo, à tarde, "dia de pagamento".

A família do advogado despediu-se e regressou para Jundiaí, onde residiam.

Como o "caseiro" era freguês habitual, "de mais de ano", por isso, suas despesas eram saldadas, religiosamente, nos tais "dias de pagamento", daí que a presença do devedor estava sendo aguardada naquela noite de domingo.

Sem procura e sem pagamento, na segunda-feira o comerciante foi ao sítio, bateu, não foi atendido e, ensimesmado, foi embora.

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Mantido o estado de ausência, na terça-feira, sem atendimento, preocupado com o "sumiço" do devedor, antevendo prejuízo, o comerciante foi à polícia, noticiando os acontecimentos e a preocupação de prejuízo.

O relato ensejou uma "busca policial", que redundou no encontro do corpo do trabalhador, em...

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