Caso 27. Rei da Ervilha

AutorAntonio Carlos da Carvalho Pinto
Ocupação do AutorProfessor de Direito Processual Penal. 'Ex' Coordenador de Direitos e Prerrogativas da OAB/SP.
Páginas273-280

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"Rei da Ervilha" era o apelido do réu Joaquim, proprietário de terras, plantador dessa guloseima e que, além de terras, possuía um armazém no "Ceasa" da Capital, onde, com a ajuda do filho primogênito, se dedicava ao comércio de inúmeros produtos agrícolas.

Dentre os auxiliares, uma moça, chamada Lindalva, passou à condição de amante do "dono e chefe", Sr. Joaquim Portugal, que à época contava 56 anos, enquanto que a "funcionária" tinha apenas 23 primaveras.

A atividade comercial no "Centro de Abastecimento" é tudo por tudo peculiar, se desenvolve nos períodos diurno e noturno, circunstância que facilita a ocorrência de furtivos "encontros amorosos", fato que não causava nenhum espanto naquela comunidade.

No caso ora narrado, os tais "encontros" foram se sucedendo, sendo certo que Joaquim, já apaixonado, promoveu a moça ao cargo de sub-gerente, função submetida ao controle direto do filho João Vitor.

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Com o passar dos meses, Lindalva modificou o comportamento, de um lado, tudo fazendo para "tomar as rédeas" e, de outro lado, comentando que "estava para fazer a separação do seu homem", e que, depois, "ia virar dona" da empresa.

Nesse clima e sob a angústia com tal expectativa, o filho João reuniu a família Portugal e todos decidiram dispensar os "serviços" de Lindalva, decisão essa que, à evidência, desgostou o "casal de pombos".

No afã de desestimular o filho e decidido a manter o enlevo amoroso, depois de confidenciar a intenção da família para a amante, os enamorados expuseram o "problema" a um "ex" funcionário, menor de idade, nortista, conhecido por Jossel, solicitando-lhe ajuda no sentido de dar um "corretivo" no filho João.

O "esbarro" tinha objetivo de "avisar" o filho discordante do romance vivenciado pelo "velho", para deixar de se meter no romance, até porque Joaquim não pensava em separação da esposa, Adelina.

Com o concurso de outro menor, igualmente "ajudante", numa madrugada fria, pelas cinco horas, ambos "contratados" foram cumprir o "mandato-corretivo", ocasião que Jossel acabou por esfaquear e matar o filho "intrometido".

A polícia não teve dificuldade para encontrar os menores, de onde seguiram as "apreensões tutelares", bem como a "prisão em flagrante delito" de Joaquim.

Lindalva escafedeu e nunca mais foi vista por ninguém.

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No inquérito, Joaquim negou a autoria e o "mando", alegando que não se lembrava dos menores, dado o grande número de "ajudantes" que orbitam o "Ceagesp".

Foram ouvidas...

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