'Combate a fake news pelo Estado pode virar censura', diz estrategista político

A legislação eleitoral não alcança todas as possibilidades de campanha pela internet, mas isso não chega a ser um defeito. Na era da "pós-verdade", os eleitores é que têm de aprender a conviver com notícias falsas, verdadeiras, mal intencionadas e de outros tipos, afirma Arick Wierson, estrategista político famoso por ter trabalhado na campanha do ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.

PAT LILJA/TZUEstrategista atuou na campanha política do republicano Michael Bloomberg, em 2001.

Na opinião dele, o Estado não deve participar do combate às chamadas fake news durante as eleições. "O combate à fake news não vai ser resolvido por meio de legislação. O mais importante é fortalecer as instituições, ter mais responsabilidade por parte da imprensa, mais educação e conscientização por parte do eleitorado", afirma, em entrevista exclusiva à ConJur. "Se o Estado intervier demais poderá ser visto como forma de censura."

O marqueteiro está no Brasil para participar de evento em que serão discutidos os desafios para o país durante as eleições deste ano. Mas ele já morou no Brasil durante sete anos, quando fez mestrado em Economia, pela Unicamp. Agora, volta ao país para lançar uma empresa de marketing político, a TZU. Ele vê no esvaziamento do mercado pela prisão dos marqueteiros tradicionais uma oportunidade encontrar o "Michael Bloomberg brasileiro".

Leia a entrevista:

ConJur — Têm ficado comuns análises de que as eleições brasileiras deste ano serão diretamente influenciadas por redes sociais. Concorda que elas terão tanta importância?

Arick Wierson — Quase metade da população tem acesso a uma ferramenta só, o Facebook, e com isso acredita-se que as redes sociais terão muito peso na campanha eleitoral. Ao examinar as disposições do Tribunal Superior Eleitoral e ver como eles imaginam o controle do uso da internet nas eleições, dá para perceber que há inúmeras lacunas que, logicamente, serão aproveitadas nas campanhas.

ConJur — A criação de legislação eleitoral específica para redes sociais seria uma solução para evitar essas lacunas?

Arick Wierson — Não creio que isso vá funcionar muito bem, porque o Estado tende a ficar um ou dois passos atrás da tecnologia com relação às redes sociais. O Estado nunca vai conseguir monitorar 100% o uso das mídias sociais da maneira como gostaria, portanto sempre vai haver uma distância entre o que o Estado acha permissível e o que as campanhas e eleitores acham que é válido.

ConJur —...

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