Comunicação científica em saúde no Brasil: revisão de literatura
| Autor | Maria Fátima Martinelli, Carmen Fontes Teixeira |
| Páginas | 91-116 |
http://dx.doi.org/10.5007/1984-8951.2014v15n106p91
Comunicação científica em saúde no Brasil: revisão de literatura
Scientific communication about health in Brazil: a literature review
Maria de Fátima Mendes Martinelli
1
Carmen Fontes Teixeira2
Resumo
Este trabalho trata do surgimento da comunicação científica em saúde no Brasil e
dos primeiros periódicos científicos publicados no país, no século XIX. A
metodologia utilizada foi a revisão exploratória de literatura, que implicou na busca
sistemática de artigos científicos registrados na SciELO, sendo encontrados 49
trabalhos, no período de 1998 a 2012. Das principais questões abordadas, destaca-
se a utilização de recursos eletrônicos para a difusão do conhecimento científico.
Dos resumos analisados, foram selecionados os artigos que abordavam aspectos
históricos, e que traziam informações sobre o surgimento e o desenvolvimento da
comunicação científica no Brasil, no século XIX. Os resultados confirmam que o
periódico científico é o veículo de comunicação, para a área da saúde, que mais
contribui para o avanço da ciência. Destaca-se a importância da “Gazeta Médica da
Bahia” como um periódico que participou do início da construção da comunicação
científica no país e que permaneceu com publicação regular até 2012.
Palavras-chave: Comunicação Científica. Comunicação Científica no Brasil.
Periódicos Científicos Brasileiros. Avaliação de Artigos Científicos.
Abstract
This work is about the emergent of scientific communication about health in Brazil
and shows which were the scientific journals published in this country in 19th century.
The methodology utilized was the exploratory literature review that implicated in a
systematic search for scientific articles registered in SciELO, and 49 works were
founded in the period of 1998 to 2012. From the analyzed abstracts, the articles that
have historic aspects and bring information about the emergent and the development
of scientific communication in Brazil in 19th century were selected. The results
confirm that the scientific journals are the communication vehicle to health’s field that
most contribute to science advancement. It distinguishes the importance of the
“Gazeta Médica da Bahia” as a periodic that had participated of the beginning of the
scientific communication in the country and continues with regular publication until
2012.
Keywords: Scientific Communication. Scientific Communication in Brazil. Brazilian
Scientific Periodicals. Scientific Article Evaluation.
1 Universidade Federal da Bahia. Bibliotecária na Biblioteca Universitária de Saúde na UFBA,
mestranda na UFBA/IHAC. E-mail: mafatimendes@gmail.com.
2 Universidade Federal da Bahia. Professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos
Interdisciplinares sobre Universidade do IHAC-UFBA e do Programa de Pós-graduação do Instituto
de Saúde Coletiva - ISC-UFBA. E-mail: carment@ufba.br.
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.
Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, Santa Catarina, ISSN 1984-8951
v.15, n.106, p. 91-116 – jan./jun. 2014
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Introdução
A comunicação científica pode ser definida como um veículo de transmissão
do conhecimento científico. Segundo Cortês (2006, p. 35), entendê-la, desde os
seus primórdios até a utilização de meios eletrônicos, é um desafio. Weitzel (2006,
p. 83) relata que a comunicação científica existe desde a antiguidade, na época em
que os filósofos estabeleciam seus debates na Academia. Mas, é a partir do século
XVI, com as descobertas científicas, que há a expansão do conhecimento e o
surgimento do periódico científico, o qual está associado a esses acontecimentos, e
nasceu da necessidade dos cientistas se comunicarem com rapidez e de forma
sistematizada. Packer e Meneghini (2006, p. 237) observam que a realização de
pesquisas científicas e sua comunicação em periódicos se constituem na forma mais
utilizada pelos pesquisadores, para divulgar e tornar visíveis os seus trabalhos.
O tema comunicação cientifica está estreitamente ligado à informação e à
comunicação. No entanto, Targino (2000, p. 34) diz ser insensato restringir a
comunicação à mera troca de informações entre cientistas, pois a ciência, como
sistema social, integra elementos que vão desde a figura do pesquisador, do
cientista e do acadêmico, ao fluxo de ideias, teorias, métodos, literatura científica e
instrumentos, que permitem a operacionalização das investigações.
De acordo com Weitzel (2006, p. 83), a comunicação científica pode ser
entendida como um processo que envolve a construção, a comunicação e o uso do
conhecimento científico para promover sua evolução. Alguns aspectos favorecem a
expansão e a acumulação do conhecimento, e, consequentemente, o aparecimento
do trabalho científico. São eles: a laicização do conhecimento, com o fim do
monopólio do saber controlado pela igreja católica e o domínio da imprensa e do
papel; o desenvolvimento do método científico e das descobertas científicas; o
surgimento das sociedades científicas, notadamente a Royal Society (1662) e
Académie Royale des Sciences (1666), como instituições organizadoras do saber; e
a criação da primeira revista científica precursora do modelo atual de comunicação
científica, a Philosophical of Transaction (1665).
Segundo Kuramoto (2007, p. 147), é nessa época (século XVII) que surge o
que virá a se constituir como a base do sistema de comunicação científica moderna:
as revistas periódicas científicas. Em 1665, são criados, com alguns meses de
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