A influência da educação na concentração de renda na flexibilidade do emprego formal no Mato Grosso do Sul no período de 1990 a 2002

AutorEmerson Alan Baptista Vargas/Fabio Rocha Nimer
CargoMestre em Economia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Docente na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)/Discente do Curso de Ciências Econômicas. Bolsista do Programa de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/UCDB
Páginas47-56

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1 Introdução

O estudo analisou de forma empírica o papel desempenhado pela educação na concentração de renda e na taxa de rotatividade dos trabalhadores com carteira assinada no Estado de Mato Grosso do Sul, conforme seus graus de instrução no período que compreende de 1990 a 2002.

Baseando-se na Teoria do Capital Humano, o qual postula que maiores graus de escolarização reduzemse as desigualdades sociais, realizou-se pesquisa quantitativa com os dados das RAIS (Relação Anual de Informações Sociais). (BRASIL, 2004, VARGAS; MOUTINHO, 2000).

Desta forma, objetivou-se verificar a aplicação da referida teoria no Estado de Mato Grosso do Sul no que concerne aos trabalhadores em todas as categorias do setor formal do emprego no período em análise. Procurou-se também identificar como se dispunham os trabalhadores por graus de escolaridade e faixas de rendimentos, e avaliar os efeitos do nível de educação, na flexibilidade do mercado de trabalho formal, para o Estado de Mato Grosso do Sul no período que compreende os anos de 1990 a 2002.

Ressalta-se que, para a concretização dos objetivos propostos, utilizou-se como parâmetro para a análise da concentração de renda o índice de Gini e, como proxy para flexibilidade no mercado de trabalho, a taxa de rotatividade dos trabalhadores com menos de 2 (dois) anos no mesmo emprego. Para consecução dos objetivos supracitados, foi utilizado instrumental econométrico como ferramenta de pesquisa.

Com a utilização de tais mecanismos, tornou-se possível reunir evidências em torno das seguintes hipóteses de pesquisa:

  1. os trabalhadores no referido Estado, apresentam, em sua maior parte, níveis de escolaridade que compreendem de analfabeto a primário incompleto;

  2. a maior parte dos trabalhadores com carteira assinada tem seus rendimentos nas faixas entre 1 e 2 salários mínimos;

  3. acompanhando a tendência nacional, a concentração de renda destes trabalhadores situa-se na faixa que compreende bastante forte;

  4. quanto maior o nível de escolaridade, menor o índice de concentração de renda para os trabalhadores com carteira assinada no Estado do MS no referido período;

  5. quanto maior o grau de escolaridade dos trabalhadores com carteira assinada no Estado do Mato Grosso do Sul, menor a taxa de rotatividade no emprego, e

  6. os trabalhadores com níveis de escolaridade mais elevados apresentam maiores rendimentos.

2 Fundamentação Teórica

O estudo proposto baseou-se na Teoria do Capital Humano que tem como pressuposto central a afirmação de que quanto maior o investimento em educação maior será o rendimento pessoal.

A Teoria do Capital Humano passou a ganhar força na década de sessenta, em virtude da preocupação cada vez maior com os problemas de distribuição de renda e crescimento econômico. Tal teoria, proposta por Schultz (1973b), acredita que a melhoria no nível de especialização dos trabalhadores, a maior acumulação de conhecimento, enfim, maior instrução, é um instrumento importantíssimo para o crescimento econômico. Devido, portanto, à educação, o método político mais adequado para a eliminação tanto da pobreza quanto dos grandes disparates de renda entre as deferentes classes sociais.

A característica distintiva do capital humano é a de que é parte do homem. É humano porquanto se acha configurado no homem, e é capital porque é uma fonte de satisfações futuras ou de futuros rendimentos, ou ambas as coisas. (SCHULTZ, 1973b, p. 53).

A afirmação acima denota a distinção que deve ocorrer entre investimento no capital físico e o capital humano, sendo este segundo um investimento em longo prazo, que proporcionará elevação na renda individual do trabalhador e conseqüente crescimento econômico.

A Teoria do Capital Humano considera que a educação deve ser vista como um investimento; assim, a educação é predominantemente uma atividade de investimento realizada para o fim de aquisição de capacitações que oferece satisfações futuras o que incrementa rendimentos futuros. (SCHULTZ, 1973b, p. 79).

Esta postulação principal da teoria analisada, em que investimentos na educação provocam reflexos no crescimento econômico, pode ser resumida da seguinte forma:

  1. As pessoas se educam;

  2. A educação tem como efeito principal mudar seus conhecimentos e habilidades;

  3. Quanto mais uma pessoa estuda, maior sua habilidade e maior sua produtividade;

  4. Maior produtividade permite que a pessoa obtenha maiores rendimentos.

Essa teoria ganhou força na medida em que passou a ocorrer maior preocupação política em relação à melhoria da distribuição de renda. A partir do momento que o chamado "Estado de Bem-Estar Social" entrou em crise, a educação passou a ser encarada como uma forma potencial de proporcionar melhores rendimentos aos trabalhadores na medida em que fossem especializando sua formação e qualificação.

Esta postulação proposta por Schultz (1973b), passa a ter uma relação que causa reflexo direto entre maior nível de escolarização e desenvolvimento econômico.

Quando se discute a relação entre educação e desenvolvimento econômico, especialmente a partir da Teoria do Capital Humano, o que se procura afirmar logo de imediato é uma relação de causa e efeito entre o nível educacional e performance econômica.

(SCHULTZ, 1973b, p. 102).

Nas últimas décadas do século XX, muitas nações passaram a...

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