Conclusão

AutorRodrigo Leonardo de Melo Santos
Ocupação do AutorAdvogado
Páginas141-144

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há feridas que te ferem pra te ampliar há feridas que são só partes suas a te abandonar

Julianna Motter567

A vivência plena da sexualidade e do afeto é uma das necessidades que cada pessoa tenciona satisfazer, no curso de sua existência, em busca da felicidade. E os projetos de vida, nesse especíico, são tão variados quanto a própria diversidade humana permite.

Toda pessoa é única pelo conjunto de diferenças que a caracteriza, mas é também igual a todo outro ser humano, em virtude da dignidade que lhe é inerente. Se algumas se realizam, no campo afetivo-sexual, por meio do vínculo com pessoas do sexo oposto; outras tantas atingem esse sentimento de integridade por meio da união com pessoas do mesmo sexo. Isso não as tornas melhores ou piores, umas em relação às outras. Isso as torna diferentes. E só.

Embora, num plano ideal, a vida em sociedade pudesse se desenvolver de forma harmônica e solidária segundo essas premissas, é notório que as relações de reconhecimento recíproco são atravessadas por preconceitos que fazem dela uma experiência permeada por desrespeitos.

A orientação sexual, esse atributo constitutivo da identidade humana que denota formas particulares de se encontrar a plenitude existencial, quando é confrontada com a negativa de reconhecimento, convola-se em estigma e, bem assim, fonte de vergonha, humilhação e despersonalização.

A discriminação por orientação sexual é, portanto, uma ferida que, se não tratada e combatida, desarticula identidades, submetendo o eu ao olhar inferiorizante do outro.

É essa a experiência que, ao longo da história, marcou e marca a existência de muitos homossexuais. Uma experiência que se reproduz em todos as esferas da vida social, da família ao trabalho.

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No contexto do trabalho, em particular, o reconhecimento do trabalhador homossexual como parceiro no empreendimento coletivo, apto a contribuir com o engajamento de sua subjetividade, é um componente decisivo para que ele se torne uma fonte de prazer, de gratiicação, e, no mesmo passo, ferramenta de integração social e de sedimentação da personalidade568. O trabalho confere sentido positivo à vida dos trabalhadores homossexuais apenas quando eles são reconhecidos como iguais em sua integralidade, inclusive no que toca à sua orientação sexual.

Sem embargo, não se pode olvidar que, sob a ótica dos modelos produtivos clássicos e, também, dos oriundos do neoliberalismo, notadamente o toyotismo, o trabalho, de uma forma geral, se encontra sob pressões que arriscam desconigurá-lo enquanto espaço de promoção da dignidade...

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