Conclusão

AutorAna Carolina R. P. Leme
Páginas267-277
267
De Vidas e Vínculos
Conclusão
[...] a gente não tem grana, vamos começar por aí, e aí por que que eu tô
falando isso, porque pra gente parar nosso trabalho e dedicar totalmente
a isso a gente precisa ter grana, né? E a gente não tem essa condição, nenhum
de nós temos. E aí a gente tem que, a gente vive assim, faz uma corrida, pára,
vai numa reunião, faz outra corrida, pára, vai fazer uma coisa com o moto-
rista, vai, então isso demora, demanda tempo, é um trabalho de formiguinha
[...] Se pelo menos o sindicato tivesse condição de remunerar essas pessoas
que trabalham lá, o sindicato ia crescer, porque ele já tá crescendo sem ter essa
dedicação total, porque a gente cresce de acordo com a necessidade do mo-
torista e o motorista tem muitas necessidades. [...] até hoje eu ainda trabalho
como motorista de aplicativo, tem motorista que trabalha 15, 16, 17 horas por
dia, hoje eu não faço mais isso, antes eu pegava 6 horas da noite até 6 horas da
manhã, pra você ter noção. Então, hoje eu não consigo car muito, mas tem
gente que, tem gente que ca muitas horas e usa algumas coisas pra se manter
acordado e aí começa a ter os problemas de doenças ocupacionais, começa a
ter problema de coluna, pra você ter noção, a minha cervical e os meus ombros,
eu sinto dor todos os dias, todos os dias, todos. Fora outras coisas, estresse,
ansiedade, várias outras coisas que causa e o aplicativo, ele não nos dá nenhum
suporte em relação a isso porque eu posso tá com dor, eu posso tá doente,
qualquer coisa, se eu não trabalhar, eu não recebo.” (Entrevistada 5, MG,
21.07.2021)
A viagem foi realizada, o mapa do sindicalismo dos motoristas plataformizados traçado.
A bagagem denida e fundamentalmente utilizada durante todo o percurso, que trouxe como
viajantes, as vozes dos motoristas plataformizados. Os empecilhos econômicos, culturais e
políticos ao acesso à justiça foram apontados pelo caminho. O passaporte foi carimbado, as
vozes impressas em palavras e a análise realizada.
No entanto, chega-se ao m desta viagem sem, de fato, chegar ao m da jornada. A
saga continua. Como destacado em trecho acima, os motoristas estão “sem grana”, cansados,
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