Congeminências atávicas: entre o desejo privado e a defesa pública

AutorAntonio Alberto Brunetta
CargoDoutor em Ciências Sociais pela UNESP
Páginas177-181
Política & Sociedade - Florianópolis - Vol. 14 - Nº 29 - Jan./Abr. de 2015
177177 – 181
Congeminências atávicas: entre o
desejo privado e a defesa pública
Antonio Alberto Brunetta1
OZ, Amós. Entre amigos. Tradução do hebraico e notas de Paulo Geiger.
1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Tengo miedo de todo el mundo,
del agua fría, de la muerte.
Soy como todos los mortales,
inaplazable.
Pablo Neruda (1972, p. 358)
A trama de acontecimentos narrados por Amós Oz em Entre Amigos”
(2014) encontra semelhança direta de forma com outro de seus roman-
ces, “Cenas da vida na aldeia” (2008), pois dispõe as personagens, em cada
um dos capítulos-contos, ora como protagonistas, ora como gurantes dos
dramas vividos individualmente, porém sempre comentados, debatidos e
ridicularizados pelo coletivo. Cada um dos habitantes do kibutz Ikhat pra-
tica e conforma sua idiossincrasia mutuamente, comentando, debatendo e
ridicularizando a si mesmo.
Em contrapartida, o cotidiano racionalizado e assembleísta do kibutz,
nos anos 1950, não é capaz de suprimir as expressões sentimentais daque-
les que nele habitam, muito embora sufoque as manifestações explícitas de
felicidade derivadas das sortes e conquistas individuais e privadas. O que re-
sulta desse enfrentamento entre a satisfação dos desejos comuns a jovens,
adultos e velhos – e a defesa das prioridades públicas é um cenário de utopias
1 Doutor em Ciências Sociais pela UNESP, Araraquara/SP. Professor do Departamento de Metodologia de Ensino
(MEN), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis/SC. E-mail: aabrunetta@gmail.com.
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2015v14n29p177

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