Consciência de classe na era da uberização: precisamos falar sobre Marx

AutorMarcos Paulo da Silva Oliveira, Maria Cecília Máximo Teodoro
Ocupação do AutorMestrando em Direito do Trabalho pelo PPGD-PUC/MG. Graduado em Direito pela PUC/MG. Professor do Instituto Elpídio Donizetti. Pesquisador em Direito e autor de artigos jurídicos. Bolsista CAPES. Advogado. Membro do grupo de pesquisa Retrabalhando o Direito (RED) da PUC Minas/Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade de Castilla-La ...
Páginas122-137
122 • Anais do IV Encontro da RENAPEDTS - Volume 3
In: LACERDA, Gustavo Marcel Filgueiras; TEODORO, Maria Cecília Máximo; BARBATO,
Maria Rosaria (org.).Classe, direito coletivo do trabalho e acesso à justiça em perspectivas.
1ª edição. Belo Horizonte: Initia Via, 2019 (Anais do IV Encontro da RENAPEDTS, vol. 3).
ISBN: 978-85-9547-076-7. DOI: 10.17931/95470767/v3a06.
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CLASS CONSCIENCE IN THE AGE OF UBERIZATION:
WE NEED TO TALK ABOUT MARX
Marcos Paulo da Silva Oliveira1
Maria Cecília Máximo Teodoro2
Resumo: Na esteira das mudanças sociais advindas do modo de produção
capitalista identica-se a chamada era da uberização. Tal nomenclatura
foi apresentada por Márcio Pochmann como uma forma de descrever o
atual estágio da economia capitalista de serviços disseminada no ociden-
te, tendo como objeto central de investigação a empresa Uber e o seu mo-
delo de negócios. No contexto da uberização, torna-se possível identicar
uma nova razão social de cunho individualista, na qual os sujeitos que
vivem do trabalho assalariado são levados a pensar e agir como empresas,
não se reconhecem em seus parceiros de inteiração, mas ao contrário, se
identicam muito mais com as lideranças empresariais, ruindo os laços de
1
Mestrando em Direito do Trabalho pelo PPGD-PUC/MG. Graduado em Direito pela
PUC/MG. Professor do Instituto Elpídio Donizetti. Pesquisador em Direito e autor de ar-
tigos jurídicos. Bolsista CAPES. Advogado. Membro do grupo de pesquisa Retrabalhando
o Direito (RED) da PUC Minas. E-mail: marcosbrumal@hotmail.com.
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Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade de Castilla-La Mancha, com
bolsa de pesquisa da CAPES; Doutora em Direito do Trabalho e da Seguridade Social
pela USP- Universidade de São Paulo; Mestre em Direito do Trabalho pela PUC/MG;
Graduada em Direito pela PUC/MG; Professora de Direito do Trabalho do PPGD e da
Graduação da PUC/MG; Professora Convidada do Mestrado em Direito do Trabalho
da Universidade Externado da Colômbia. Pesquisadora; Autora de livros e artigos.
Advogada. Coordenadora do grupo de pesquisa Retrabalhando o Direito (RED) da PUC
Minas. E-mail: cecimax@pucminas.br
Classe, direito coletivo do trabalho... • 123
solidariedade que sempre acompanharam os movimentos sociais voltados
para o mundo laboral. Esse novo modo de ser é potencializado pelas no-
vas formas de prestar serviços, essas, não por acaso, sempre menos pro-
tegidas que a típica relação de emprego. Nesse sentido, no presente artigo
buscar-se-á compreender esse atual estágio da sociedade, investigando se
ainda é possível falar em consciência de classe tal qual preconizada por
Marx na época do Manifesto do Partido Comunista. Serão retomados os
estudos marxistas sobre classe social e a formação da condição de prole-
tariedade pelo o condutor do trabalho assalariado, sem deixar de lado
o importante debate acerca das contemporâneas pautas identitárias que
se colocam no horizonte dos movimentos sociais. Tudo isso na tentativa
de conrmar a hipótese preliminar de que a retomada da consciência de
classe pode ser determinante para o avanço das lutas sociais por direitos
trabalhistas nas sociedades capitalistas contemporâneas, em especial no
Brasil, onde se verica um intenso processo estatal de retirada de direitos
laborais. Ao nal, busca-se apontar os desaos e possibilidades para o for-
talecimento dos espaços coletivos de deliberação no mundo do trabalho,
visando identicar pontos de resistência obreira às sistemáticas lesões aos
direitos trabalhistas vivenciadas em âmbito local, regional e global.
Palavras-chaves: Consciência de classe; Proletariedade; Movimentos
Sociais; Marxismo; Direito do Trabalho.
Abstrac t: In the wake of the social changes arising from the capitalist
mode of production, the so-called uberization era is identied. Such a
nomenclature was presented by Márcio Pochmann as a way of describ-
ing the current stage of the capitalist economy of services disseminated
in the West, having as its central research object the Uber company and
its business model. In the context of uberization, it becomes possible to
identify a new individualistic social reason, in which the subjects who
live from wage labor are led to think and act as companies, do not rec-
ognize themselves in their partners of inteiração, but instead, if identify
much more with the business leaders, breaking the ties of solidarity that
have always accompanied the social movements geared to the world of
work. is new way of being is enhanced by the new ways of providing
services, not by chance, always less protected than the typical employ-
ment relationship. In this sense, this article will seek to understand this

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