Conservadorismo reacionário e destruião da amazônia: resistência das classes subalternas e a cultura profissional crítica em servio social

AutorCristiana Costa Lima, Mariana Cavalcanti Braz Berger, Marina Maciel Abreu
Páginas242-262
CONSERVADORISMO REACIONÁRIO E DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA: resistência das classes
subalternas e a cultura profissional crítica em Serviço Social
Cristiana Costa Lima1
Mariana Cavalcanti Braz Berger2
Marina Maciel Abreu3
Resumo
Analisamos o fetiche do desenvolvimento sustentável na particularidade da expansão do setor elétrico na Região
Amazônica brasileira e a resistência dos grupos sociais atingidos pela construção de hidroelétricas. Destacamos o avanço
do conservadorismo reacionário, funcional às estratégias econômicas neoliberais que devastam a Amazônia. Reafirmamos
a incompatibilidade da lógica de destruição capitalista com o modo de vida de qualquer perspectiva que utilize e defenda o
meio ambiente natural para sobrevivência e manutenção própria, e procuramos adensar a análise da cultura profissional
crítica em Serviço Social em sua construção entre o horizonte do Estado de Bem-Estar e a necessidade histórica da
emancipação humana, apontando configurações particulares nas contradições em que se inscreve e se constrói a dimensão
interventiva, no setor elétrico na Amazônia brasileira.
Palavras-chave: Conservadorismo reacionário. Produção destrutiva. Amazônia. Desenvolvimento sustentável. Cultura
profissional em Serviço Social.
REACTIONAL CONSERVATISM AND DESTRUCTION OF THE AMAZON: resistance of the subordinate classes and the
critical professional culture in Social Work
Abstract
We analyzed the fetish of sustainable development in particular the expansion of the electric sector in the Brazilian Amazon
Region and the resistance of the social groups affected by the construction of hydroelectric plants. We highlight the advance
of reactionary conservatism, functional to the neoliberal economic strategies that devastate the Amazon. We reaffirm the
incompatibility of the logic of capitalist destruction with the way of life of any perspective that uses and defends the natural
environment for survival and self-maintenance, and w e seek to deepen the analysis of the critical professional culture in
Social Work in its construction between the horizon of the State of W ell-Being and the historical need for human
emancipation, pointing out particular configurations in the contradictions in which the intervention dimension is inscribed and
built in the electric sector in the Brazilian Amazon..
Keywords: Reactionary conservatism. Production destructive. Amazon. Sustainable development. Professional culture in
Social Work.
Artigo recebido em: 11/11/2019. Aprovado em: 26/02/2020
1 Doutora em Políticas Públicas (UFMA).Professora do Departamento de Serviço Social e do Programa de Pós Graduação
em Políticas Públicas(UFMA). E-mail: costalima.cristiana@gmail.com
2 Doutora em Po líticas Públicas (UFMA). Professora do Departamento de Serviço Social da UFM A.E-mail:
mari_braz@hotmail.com
3 Doutora em Serviço Social (UFMA). Pesquisadora bolsista CNPq. E-mail: maciel.m@uol.com.br
Cristiana Costa Lima, Mariana Cavalcanti Braz Berger e Marina Maciel Abreu
242
1 INTRODUÇÃO
Este artigo reorganiza as ideias centrais dos três trabalhos que compuseram a mesa
temática com o mesmo título, apresentada na IX Jornada Internacional de Políticas Públicas/UFMA (IX
JOINPP), 2019, em São Luís/MA. O propósito é expor o tema em sua complexidade, tendo o
conservadorismo reacionário e a resistência das classes subalternas como eixos que dão a unidade
dos três trabalhos1. Tais trabalhos centram-se, cada um, em um dos seguintes recortes: 1) a retomada
do conservadorismo reacionário no mundo e a incidência no Brasil, no contexto de reconfiguração do
Estado neoliberal sob a hegemonia do capital financeiro, contribuindo para o acirramento da luta de
classes e fortalecimento da lógica destrutiva dos modelos de desenvolvimento econômico; 2) a
expansão do setor elétrico na Amazônia brasileira: o fetiche do desenvolvimento sustentável e a
resistência dos grupos sociais duramente penalizados por essa estratégia; 3) a construção da cultura
profissional crítica em Serviço Social, no quadro de tensões forjado pelo aprofundamento da quest ão
social e recrudescimento da cultura do conservadorismo reacionário na sociedade e na profissão.
O conservadorismo reacionário é um elemento intrínseco ao movimento do próprio capital,
fortalecido como ideologia e cultura, na fase econômico-financeira do sistema capitalista mundializado,
que, em países periféricos como o Brasil, contribui para o conformismo social demandado pelas
estratégias de flexibilização econômica que intensificam a precarização do trabalho na qual a
infoproletarização é a face da “degradação real do trabalho virtual” (ANTUNES; BRAGA, 2011) ,
reformatam não só trabalho, mas toda e vida cotidiana, na tentativa de soluções imediatas para a crise
do emprego e para a sobrevivência de grande parte da população. Nesse movimento que destroça as
classes subalternas2, trabalhadoras, o conservadorismo avança e incide na reconfiguração das
relações de força afrontando a resistência dessas classes elemento inerente à necessidade histórica
da emancipação humana. Essa resistência se constrói e reconstrói-se na luta permanente entre forças
hegemônicas na dinâmica da vida social. Tal processo tem implicações político-ideológicas em todas
as práticas sociais e incide prioritariamente nas práticas educativas formadoras da cultura,
sociabilidade, para adequar e conformar o modo de vida aos imperativos da reprodução ampliada do
capital especulativo. O Serviço Social, como as demais profissões inscritas no âmbito das práticas
educativas, encontra-se implicado nesse processo e exerce influência sobre ele. Daí o nosso interesse
em avançar nesta tematização.
O intenso movimento produzido pelas transformações ocorridas no mundo, no final do
século XX e início do século XXI, tem apresentado grandes desafios à análise dos processos históricos
de desenvolvimento da sociedade, ao mesmo tempo em que provoca mudanças nas forças sociais em
luta. Essas transformações nas relações de força vêm se manifestando no Brasil desde as Jornadas de

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT