Construção da Família Tradicional

AutorFlavio Goldberg
Páginas21-34
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CONSTRUÇÃO DA FAMÍLIA TRADICIONAL
A família é comumente tida hoje como o núcleo social mais
importante. Não surgiu como instituição sem lugar nem tempo
histórico. A família burguesa, de igual maneira, remete à transição
do modelo feudal para o capitalista. Fatores importantes novos
exerceram mudanças no modelo antigo, ainda que certos traços
fundamentais tenham permanecido.
O modelo feudal estava relacionado primordialmente à nobreza;
o nome, nascimento e parentesco eram definitivos para as relações
sociais inter e intrafamiliares, pois sua relação com outras institui-
ções fundamentais daquela sociedade legitimavam dialogicamente a
família e seus direitos de classe; o título, a herança e prestígio social.
Também o discurso primeiro sobre a família monogâmica, o
religioso, este que permaneceu séculos após o feudalismo ter acabado,
afirmava a importância da família como um conjunto de condutas
intimamente ligadas aos valores que a própria Igreja entendia como
base da estabilidade social.
Nos séculos do renascimento, a ascensão burguesa provocava
gradualmente fortes transformações na organização social. O cres-
cimento das cidades e a dinâmica de classes começava a ameaçar o
desgastado modelo de hierarquias nobiliárquicas.
Conforme António Menezes Cordeiro1, o casamento instituído
pelo Concílio de Trento foi adotado em Portugal em 1563 por D.
1. CORDEIRO, António Menezes. Divórcio E Casamento na I República:
Questões Fraturantes como Arma de Conquista e de Manutenção do Poder
Pessoal? P. 9 Disponível em: https://www.oa.pt/upl/%7B8262df14-0c0f-
4008-a485-15da3956c828%7D.pdf Acesso em 2 de julho de 2017.
MEDIACAO EM DIREITO DE FAMILIA.indb 5 09/04/2018 09:45:56

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