Construindo nações: contribuições para uma história da cultura brasileira 257

AutorVinícius Batelli de Souza Balestra, Hugo Rezende Henriques
Páginas281-287
CONSTRUINDO NAÇÕES: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA
HISTÓRIA DA CULTURA BRASILEIRA
Vinícius Batelli de Souza Balestra1
Hugo Rezende Henriques2
1 INTRODUÇÃO
É curioso perceber a confusão de uma mente materialista ante
a ideia de uma Nação. Partamos então do princípio: o esforço de um
autor seguramente querido, Eric Hobsbawn, que percebe que esta
não é uma noção “tão antiga quanto a história”, mas uma palavra
cujos contornos modernos foram intuídos mais ou menos pelo início
do século XVIII:
Tentativas para estabelecer critérios objetivos para a nacionalidade, ou para
explicar por que certos grupos se tornaram ‘nações’ e outros não, foram realizadas
com frequência, baseado em critérios únicos tais como a língua, o território
comum, a história comum, aspectos culturais, ou qualquer outro. A definição de
Stalin é provavelmente a mais conhecida destas [‘Nação é uma comunidade
estável, historicamente formada, de idioma, de território, de vida econômica e de
psicologia, manifestada esta na comunidade de cultura’]. 3
A formulação do idealismo alemão é bastante mais clara: um
povo, consciente de si (de sua Cultura e História), se reconhece
como Nação; e uma Nação forte, se impõe no mundo como um
Estado. Povo, Nação e Estado formam uma tríade interdependente,
um movimento incessante de suprassunção de cada momento em
novos sentidos históricos. Um eterno ciclo de consciência de si que
avança na História de uma Cultura particular, como a brasileira.
Eis então desde logo nosso problema central, emergindo
quando, em 1822, Dom Pedro I proclamou a independência do
Brasil. Éramos inequivocamente um Estado! Mas éramos desde
logo uma Nação? Construir Nações não é um esforço simples.
Trata-se, como já percebemos acima, de conferir a um povo a
capacidade de reconhecer-se parte de uma totalidade maior que

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