Crescimento econômico e habilidades cognitivas nos estados brasileiros

AutorCristian Rafael Pelizza
Páginas1-21
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Crescimento econômico e habilidades cognitivas nos estados brasileiros
Resumo
A importância do capital humano sobre o crescimento econômico serve de base para uma
extensa literatura teórica e empírica em economia. No entanto, do ponto de vista empírico,
não existe consenso sobre os melhores indicadores do estoque de capital humano. O
presente trabalho busca observar essa relação através das habilidades cognitivas dos
habitantes dos estados brasileiros. Para isso, utiliza-se como regressores, numa estimação
de dados em painel com efeitos fixos, o desempenho dos alunos da quarta série do ensino
fundamental e do terceiro ano do ensino médio na prova do Saeb (Sistema de Avaliação
da Educação Básica) entre 1995-2005, em conjunto com uma variável tradicionalmente
utilizada, os anos de estudo médios para pessoas com 25 anos ou mais. Os resultados
mostram que, principalmente para o desempenho do terceiro ano e para os anos de estudo
médios, existe relação entre o estoque de capital humano nos estados brasileiros e o
crescimento de seu PIB per capita.
Palavras-chave: Crescimento econômico; Capital humano; Habilidades cognitivas
Abstract
The importance of human capital on economic growth is the basis for an extensive
theoretical and empirical literature in economics. However, from an empirical point of
view, there is no consensus on the best indicators of the stock of human capital. This study
aims to observe the relationship through the cognitive skills of the inhabitants of the
brazilian states. For this, it is used as regressors in a panel with fixed effects, the
performance of students of the fourth grade students and third year of high school in the
proof of Saeb (System of Basic Education Evaluation) between 1995-2005, together with
a variable traditionally used, the average years of study for people with 25 years or more.
The results show that, especially for the third year and the average years of study, there
is a relationship between the stock of human capital in the brazilian states and the growth
of GDP per capita.
Keywords: Economic growth, human capital, cognitive skills.
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1 INTRODUÇÃO
Durante a década de 1980, os chamados modelos de crescimento endógeno, como
de Romer (1986, 1987, 1990a), Lucas (1988) e Becker, Murphy e Tamura (1990)
trouxeram novamente à tona a importância do capital humano sobre o crescimento
econômico, resgatando as ideias pioneiras de Arrow (1962), Nelson e Phelps (1966) e
Uzawa (1964). Durante o início da década de 1990 surgiu uma série de avaliações
empíricas que buscavam interpretar a relação entre capital humano e crescimento,
utilizando em especial aspectos educacionais como indicador do capital humano
acumulado em cada país.
Entre os trabalhos, vale destacar Romer (1990b), que utiliza variáveis como taxa
de alfabetização e investimentos governamentais para estimar o capital humano, Barro
(1991), Levine e Renelt (1992) e Mankiw, Romer e Weil (1992), que utilizam a taxa de
matrículas e anos de estudo médios, Barro e Lee (1993) que ,por sua vez, buscam
melhorar as proxies de capital humano ao incluir como variáveis a partir de sete níveis
educacionais, por exemplo, pessoas com primário e secundário completos ou
incompletos. Benhabib e Spiegel (1994), atentam para as diferenças do impacto indireto
do capital humano o crescimento via inovações tecnológicas e do impacto direto via
aumento da produtividade da mão de obra.
Hanushek e Kimko (2000) e Lee e Barro (2001) percebem falhas nas variáveis
comumente utilizadas para indicar o capital humano, como, por exemplo, o fato de que
ao considerar os anos de estudo médios, o retorno de cada ano em cada país seria igual,
ou seja, desconsidera-se a diferença de qualidade de ensino em cada país. Como ressalta
Hanushek e Woessman (2012a) o capital humano não é diretamente observável, e um
indicador confiável são as habilidades cognitivas dos indivíduos, aos moldes do proposto
por Cunha et al (2006), e observadas via testes padrão internacionais de matemática e
ciências por exemplo.
As vantagens apresentadas por Hanushek e Woessman (2012a) destacam que as
habilidades cognitivas englobam dimensões do capital humano mais amplas que as
apenas observadas via indicadores escolares, essas vantagens seriam (i), o desempenho
nos testes de conhecimento englobam aspectos que a escola se esforça para produzir, (ii),
os resultados não irão apenas incorporar o conhecimento adquirido na escola, mas
também aspectos familiares, que como observa Cunha et al (2006) são fatores importantes
para as habilidades cognitivas e não cognitivas, e também incorpora as diferenças na

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