A crise capitalista e os desafios dos trabalhadores

AutorMarcio Pochmann
CargoProfessor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: marciopochmann@yahoo.com.br
Páginas21-35
A crise capitalista e os desafios dos trabalha dores
Caderno s do CEAS, Salvador, n. 239, p. 698-712, 2016.
698
A CRISE CAPITALISTA E OS DESAFIOS DOS TRABALHADORES
Resumo
Na crise atual do capitalismo globalizado,
iniciada em 2008, o sistema de exploração se
defronta com novas possibilidades de
protagonizar um novo salto no uso e
remuneração da classe trabalhadora. A
consolidação inédita do sistema de
coordenação centralizada capitalista, com
articulação e integração descentralizada da
produção de bens e serviços pelo mundo,
expõe a força de trabalho a formas cada vez
mais sofisticadas de exploração.
Em função disso, discute-se o tema da
reorganização capitalista acompanhado do
aparecimento de novas centralidades
dinâmicas na economia mundial. Na
sequência, descreve-se a exploração capitalista
do trabalho através da terceirização e
UBERização do trabalho no Brasil, bem como
identifica-se a frustração das promessas
apresentadas em relação às conquistas dos
trabalhadores no ambiente de flexibilização e
desregulação do sistema de proteção social e
trabalhista.
Palavras-chave: Capitalismo. Trabalhadores.
Exploração e proteção social.
Marcio Pochmann
Professor do Instituto de Economia e pesquisador
do Centro de Estudos Sindic ais e de Economia do
Trabalho, da Universidade Estadual de Campinas.
E-mail: marciopochmann@yahoo.com.br
Ao longo do tempo, as crises periódicas do sistema capitalista têm revelado
oportunidades especiais de profunda reestruturação. Na realidade, momentos históricos cujas
velhas formas de valorização do capital sinalizam esgotamentos, enquanto as novas formas
ainda não se apresentam maduras para se tornar plenamente dinâmicas no sistema capitalista.
Nestas circunstâncias, formas ainda mais sofisticadas de exploração da classe
trabalhadora se encontram em gestação, muitas delas subentendidas no movimento maior de
financeirização do estoque da riqueza existente. A experimentação dos novos métodos de
intensificação e extensão do uso e remuneração da força de trabalho testa a capacidade de
reação dos trabalhadores, exigindo, inclusive, o reposicionamento desafiador das instituições
de organização e representação do mundo do trabalho.
Assim, assistiu-se, de maneira geral, o reposicionamento histórico dos trabalhadores
frente aos momentos de profundas crises e reestruturação do capitalismo mundial. A partir da
Grande Depressão capitalista entre 1873 e 1896, por exemplo, houve avanço Na crise atual do
capitalismo globalizado, iniciada em 2008, o sistema de exploração se defronta com novas
possibilidades de protagonizar um novo salto de uso e de remuneração da classe trabalhadora.
Por meio da consolidação inédita do sistema de coordenação centralizada capitalista, com

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