Crítica Contemporânea à Teoria Democrática Clássica

AutorMaria Beatriz Garcia
CargoAluna do Direito da UnB(8o semestre)
Introdução

Esta nota procura sistematizar alguns pontos considerados essenciais no pensamento político de Joseph Schumpeter em sua obra, "Capitalism, Socialism and Democracy", publicado em1943. Estas observações baseiam-se, especialmente, em dois capítulos dessa obra, "A Doutrina Clássica de Democracia" (capítulo 21) e "Mais uma Teoria da Democracia" (capítulo 23).

Crítica schumpteriana à Teoria Democrática Clássica

Pela filosofia política do século XVIII, define-se o modelo democrático como sendo o arranjo institucional que viabiliza a tomada de certas decisões tendentes a realizar o bem comum. Este materializa-se pela atividade dos representantes eleitos, cuja tarefa é o cumprimento da vontade popular1.

A política é orientada pelo bem comum, o qual os cidadãos seriam capazes de definir ou, pelo menos, de reconhecer. Aqueles que divergem quanto à sua compreensão o fazem por ignorância, estupidez, ou por um espírito anti-social. A vontade comum corresponde às exigências de bem-estar ou felicidade geral.

Pela doutrina democrática clássica, os indivíduos participariam ativamente da vida política, seriam conscientes das metas que deve alcançar o Estado e saberiam tomar, honestamente, as decisões que melhor conduzissem ao bem comum. Quando eleitos os representantes, estes deveriam estar atentos para se guiarem em conformidade com a vontade geral, e, simplesmente, cumpririam a vontade do povo. Aí parece residir o ponto forte da crítica contemporânea.

"Não existe um bem comum inequivocamente determinado que o povo aceite ou que possa aceitar por força de argumentação racional"2. A impossibilidade de sua determinação vem do fato de que, para grupos diversos, provavelmente, o bem comum não significará o mesmo. Mesmo se pudéssemos identificar um bem comum razoavelmente definido, inúmeras e divergentes seriam as soluções para os casos individuais. É irreal uma manifestação homogênea sobre questões de qualquer natureza, enfim.

A teoria democrática do século XVIII, pressupõe que o cidadão tenha conhecimento dos negócios públicos, e, sobretudo, interesse de participação na vida pública. Logo, o homem da doutrina clássica é profundamente conscientizado de seu papel na cena política, mostra o discernimento de reconhecer a veracidade entre inúmeros fatos, de selecionar a leitura mais isenta e, acima de tudo, é capaz de dispender seu tempo para a análise das questões políticas...

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