Cultura organizacional e saúde do trabalhador: reflexões sobre as relações entre indivíduos e o trabalho nas organizações

AutorKelen Barcellos de Matos, Magda Macedo Madalozzo, Lucas Taufer
Páginas28-46
Revista Global Manager
V. 17, N. 3, 2017
ISSN 1676-2819 - impresso | ISSN 2317-501X- on-line
http://ojs.fsg.br/index.php/global
CULTURA ORGANIZACIONAL E SAÚDE DO TRABALHADOR: REFLEXÕES
SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE INDIVÍDUOS E O TRABALHO NAS
ORGANIZAÇÕES
Kelen Barcellos de Matosa, Magda Macedo Madalozzob, Lucas Tauferc
a Especialista em Psicologia e Gestão no Contexto Organizacional pela UCS. barcellos.kelen@ gmail.com
b Doutora em Psicologia das Organizações e do Trabalho pela UFSC. Professora de graduação e pós -graduação
na UCS. mmmadalozzo@gmail.com
c Mestrando em Administração pelo PPGA/EA/UFRGS. Professor de pós-graduação na FSG.
lucastaufer@mail.com
Informações de Submissão
Autor Correspondente: Kelen Barcellos
de Matos. Endereço: rua João Hugo
Schabbach, 324, ap. 31, bairro
Esplanada, Caxias do Sul, RS. CEP:
95095-133.
Recebido em 13/10/2016
Aceito em 15/07/2018
Publicado em 15/07/2018
Resumo
Este estudo apresenta uma revisão de literatura de artigos q ue
versavam sobre a influência da cultura organizacional na saúde do
trabalhador. Para desenvolver esta síntese os objetivos específicos da
pesquisa foram: explorar concepções sobre sofrimento do
trabalhador, conceituar cultura organizacional, analisar a relação do
trabalho e o indivíduo, e fazer a relação entre como a cultura pode
influenciar no sofrime nto do trabalhador. As principais referências
utilizadas neste trabalho foram: Hofstede (1980); Zarifian (2001);
Dejours (1994); Mendes (2007) ; Schein (2009); Geertz (2008) e
Fleury e Fischer (1996). Para isso utilizou-se como método de
pesquisa uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória com
levantamento de dados b ibliográficos. Utilizou-se como principal
técnica de análi se de dos dados, a análise de conteúdo. Dentre os
principais res ultados identificados destacou-se analogias entre
aspectos da cultura organizacional, as relações de trabalho e a saúde
do trabalhador, tal como os riscos psicossociais e possíveis
sofrimentos decorrentes da cultura organizacional.
Abstract
This study presents a literature r eview about the influence of the
organizational culture on employee’s health. In order to develop this
synthesis, the main objectives of the research were to explore
concepts of employee’s sorrow, to co nceptualize organizational
culture, to analyze labor relations and the individual and relationship
how organizational culture can influence employee’s sorrow. The
main references used were Hofstede ( 1980); Zarifian (2001); Dejours
(1994); Mendes (2007); Schein (2009); Geertz (2008); Fleury and
Fischer (1996). As research method, was used for it the qualitative-
exploratory approach by bibliographic data. The main technique of
data analysis was content analysis. The key finding s identified were
analogies b etween organizational culture, labor relations and
Palavras-chave
Cultura Organizacional. Saúde do
Trabalhador. Trabalho. Indivíduo.
Keywords
Organizational Culture. Employee’s
Health. Labor. Individual.
Revista Global Manager v. 17, n.3, p. 28-46, 2017
29
employee’s health, such as the psychosocial risks and potential
sorrow resulting from the organizational culture.
1 INTRODUÇÃO
O pesquisador francófono Chanlat (2001) fala sobre a subjetividade nos aspectos
organizacionais e em como ela é presente em todos os níveis e em todas as questões do
cotidiano. Ele afirma que “desprezar esta dimensão em prol de um objetivismo que garanta
toda a eficácia resume-se em condenar o ser humano a viver em excesso de sofrimento e a
organização a privar-se da mola essencial da sua dinâmica” (CHANLAT, 2001, p. 21).
Para ele, não existe apenas o empregado: seja a posição que o indivíduo ocupar em
uma organização, encontra-se, invariavelmente nele, uma pessoa que mobiliza sua
subjetividade a fim de realizar suas atividades e quando a organização não permite que essa
seja expressada isso pode tornar-se problemático. Porém, em contrapartida quando se permite
esta expressividade, os resultados podem vir a ser surpreendentes (CHANLAT, 2001).
Na análise de cultura organizacional alguns estudos a conceituam como uma “rede de
concepções, normas e valores, que são tomadas por certas e que permanecem submersas à
vida organizacional” (FLEURY; FISCHER, 1996, p.19). Já na visão de Pettigrew (1989), as
relações de trabalho do indivíduo com a organização em sua cultura ocorrem em diferentes
níveis: crenças e pressupostos, funcionamento interno da organização e quanto a forma como
que ela se posiciona em face ao seu ambiente externo e para que se posicione em cada um
deles, na individualidade, há uma grande dificuldade (PETTIGREW, 1989, p. 147).
Carrieri, Aguiar e Diniz (2013) fazem uma referência a como o indivíduo passa por
um sofrimento simbólico quando inserido em um contexto econômico: ao se movimentar
entre seu papel de indivíduo (único e especial) e de trabalhador (igual aos demais), precisam
assumir posições diferentes. No primeiro, recebem estímulos para o comportamento de uma
cultura consumista na fantasia que pode escolher como viver, para, em seguida ser exigido,
enquanto trabalhador, a inserção em uma cultura própria, na qual, deve-se ser como todos, e a
singularidade (e sua subjetividade) externamente valorizada, neste contexto interno, não é
aceita (CARRIER; AGUIAR; DINIZ, 2013).
A precarização da organização do trabalho, seja pelo desemprego estrutural ou pela
necessidade de sobrevivência enfraquece o trabalhador e, de forma principal, a

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT