As debilidades dos ethos social e político no Brasil: A primazia do mercado e do estado na construção das identidades contemporâneas

AutorAndre Ricardo Barbosa Duarte
CargoGraduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-graduado (especialização) em Políticas Publicas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-graduando (especialização) em Gestão de Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal de Itajubá.
Páginas391-408
391
Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.11, n.98, p. 391-408, jan/jun. 2010
Debilidades da ética social e política no Brasil: Mercado e Estado
na construção das identidades contemporâneas.
Weaknesses of social ethics and politics in Brazil: Market and State
in the construction of contemporary identity.
Andre Ricardo Barbosa Duarte1
RESUMO
O presente artigo busca apresentar quais são os problemas que afetam a
construção de um profícuo ethos social e político no Brasil. A partir de uma revisão
bibliográfica são abordadas às influências do mercado e do Estado na sociabilidade
contemporânea. Como a essência patrimonialista e privatista do Estado brasileiro,
associada à ação da globalização econômica e cultural atingiu diretamente nossa
integração societária, produzindo graves problemas no esc opo das relações sociais
entre os indivíduos, os grupos e os agentes privados e públicos no país.
Palavras-chave: Estado. Sociedade. Ética
ABSTRACT
This article aims to present what are the problems that affect the construction of a
fruitful social and political ethos in Brazil. From a bibliographic review is discussed
the influences of the market and the State in contemporary sociability. As the
essence patrimonial and privatization of the Brazilian state, associated with the
action of economic and cultural globalization reached directly our corporate
integration, producing serious problems in the scope of social relations between
individuals, groups and public and private actors in the country.
Keywords: State. Society. Ethics
1 Graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-graduado
(especialização) em Políticas Publicas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-graduando
(especialização) em Gestão de Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal de Itajubá.
andre.niki30@hotmail.com
392
Cad. de Pesq. Interdisc. em Ci-s. Hum-s., Florianópolis, v.11, n.98, p. 391-408, jan/jun. 2010
1 INTRODUÇÃO
É notória na sociedade brasileira contemporânea a profunda crise ética e
moral que se abate s ob os indivíduos e as instituições da nação. uma
questionável legitimidade dos três poderes públicos constituídos do Estado brasileiro
(executivo, legislativo e judiciário) e dos agentes privados (grandes organizações
comerciais, bancárias, industriais, etc.) que são alvos contumazes de denúncias e
escândalos que envolvem os mais variados tipos de crimes e contravenções contra
o patrimônio público, corrupção, má conduta moral e ética no exercício das funções
públicas ou na disputa por cargos eletivos. Somado a essas características, atos de
desmedida violência interpess oal entre os cidadãos, observado no crescimento
exponencial dos registros de traumas violentos nas redes públicas e suplementares
de atendimento à saúde, que deterioram as relações sociais no país.
Considerando esse cenário, algumas questões importantes serão tratadas
nessas laudas, a saber: Quais são os valores morais e éticos que regem a
sociedade política brasileira? Como a sociedade compreende e assimila a conduta
política dos governos no trato com os bens públicos? O que motiva ou desmotiva os
cidadãos brasileiros a seguir leis, normas e procedimentos? E por fim, porque os
agentes públicos do Estado que supostamente deveriam ser os arautos das leis
fazem questão de segui-las artificialmente?
A validade desses questionamentos, a priori, nos remete a raciocínios
simplistas e refutáveis. Contudo, há quesitos que nos afligem o cotidiano e nos
convidam a pensar sobre alguns males redundantes de nossa realidade social: a
violência interpessoal explicita no morticínio cotidiano da população e a ignóbil ação
da sociedade na tentativa de aumentar seu controle sob o Estado brasileiro gerando
um profundo mal-estar social, expresso nas reações de alheamento à política por
parte majoritária da população e no aprofundamento das disputas interpessoais
entre os indivíduos em todos os espaços (público/privado).
Esse diagnóstico do nosso sistema de relações sociais encontra c omo
amparo e ponto de partida, uma sociedade historicamente organizada de maneira
hierárquica e autoritária. Estratégia mantedora da supremacia dos governos sob o
Estado e a sociedade. Tal perspectiva é perceptível no poder hegemônico de alguns

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT