Decolonialidade, Dependência e Cooperação Sul-Sul: uma análise teórica a partir da periferia sistêmica

AutorJoão Victor Marques Cardoso
Ocupação do AutorMestrando em Ciência Política (UNIRIO). Bolsista CAPES
Páginas457-483
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Capítulo 18
Decolonialidade, Dependência e
Cooperação Sul-Sul: uma análise
teórica a partir da periferia sistêmica
João Victor Marques Cardoso
Mestrando em Ciência Política (UNIRIO).
Bolsista CAPES.
Introdução
As bases teóricas dos movimentos
independentistas que se desenrolaram na África a
partir da década de 1950, embora não restritas a estas,
abraçaram os marxismos africanos, os socialismos
africanos e os nacionalismos africanos, fluidas entre si,
de modo que um processo de independência poderia se
basear nestas todas. Nessa fase, o s movimentos
anticoloniais e os consequentes processos de
independência, ao se apoiarem mutuamente,
estimularam vínculos não apenas entre os países
africanos, mas também asiáticos que vivenciaram um
processo concomitante, e entre todos os países do Sul
que agiam coletivamente em instâncias como as Nações
Unidas à medida que princípios básicos de ação e
autossuficiência coletivas se iam cristalizando no
decurso comum contra o imperialismo e a hegemonia
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(COMISSÃO SUL, 1990, p. 147). Desde então, os desafios
comuns com os quais se encontram os países em via de
desenvolvimento, analisados neste artigo por meio da
situação de dependência na qual se insere a periferia
sistêmica, têm sido remediados ou ao menos
explorados pela via da diversificação e do
fortalecimento da cooperação Sul-Sul. Contudo, sua
atuação tem sido cerceada ora pelas relações
tradicionais Norte-Sul ora pelas deficiências internas do
próprio Sul, ambas podendo ser analisadas como dois
lados de um mesmo processo: a colonialidade do poder
e a sujeição dependente da periferia ao capitalismo
global.
O objetivo do presente trabalho é discutir as
principais temáticas teóricas que envolvem a periferia
sistêmica, perpassando as ondas de descolonização, a
partir da década de 1960, a perpetuação da
colonialidade do poder, a situação de dependência à
qual estão sujeitos os países periféricos e a alternativa
decorrente da cooperação Sul-Sul. Por meio dessa linha
de raciocínio, a colonização seria o fundamento
primeiro da cooperação Sul-Sul, ao impor à periferia
desafios comuns e subordiná-la ao sistema capitalista
global. Em segundo, a colonialidade justificaria a
contínua harmonização dos países periféricos em torno
de um destino comum: a luta contra as estruturas
hegemônicas do poder e o desenvolvimento por meio
da cooperação. Por fim, a situação de dependência, que
não encontraria alternativa à periferia, senão a
alternativa socialista para atingir o desenvolvimento,

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