Democracia Representativa no Brasil e o Embate entre Bancada Evangélica e Movimentos Sociais Minoritários
Autor | Rachel Araújo da Rocha |
Ocupação do Autor | Mestranda em Sociologia e Antropologia (UFRJ) |
Páginas | 37-58 |
37
Capítulo 2
Democracia Representativa no
Brasil e o Embate entre Bancada
Evangélica e Movimentos Sociais
Minoritários
Rachel Araújo da Rocha
Mestranda em Sociologia e Antropologia (UFRJ)
Introdução
Em 1988, após a queda do regime civil-militar
que condenou o Brasil a mais de 20 anos de ditadura, foi
promulgada a constituição federal vigente até hoje, que
coloca o Brasil como um Estado democrático de direito.
Nossa constituição trouxe uma preocupação com a
democracia que se restabelecia naquele momento, em
seus princípios fundamentais é garantido que Todo
poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição BRAS)L
Para Bobbio (2000),
(...) por democracia entende-se uma das várias
formas de governo, em particular aquelas em
que o poder não está nas mãos de um só ou de
38
poucos, mas de todos, ou melhor, da maior
parte, como tal se contrapondo às fo rmas
autocráticas, como a monarquia e oligarquia
(p. 7).
Existem duas formas de se exercer essa
democracia de acordo com a constituição de 1988, a
representativa e a participativa, no entanto, nossa
cultura nos leva a utilizar prioritariamente o modelo
representativo, onde todo o poder é delegado à outrem
durante quatro anos quando, finalmente, o povo exerce
papel político novamente escolhendo seus novos
representantes.
Segundo Benjamin Constant O sistema
representativo é uma procuração dada a certo número
de pessoas pela massa do povo, que deseja que seus
interesses sejam defendidos que nem sempre têm
tempo de defendê-los por si mesma CONSTANT, 1819
apud BONAVIDES, 2000, p. 263).
Dentro do modelo representativo, existem ainda
diferentes visões de como esse funcionaria, se haveria
ou não, por exemplo, necessidade de que o
representante, depois de eleito, atendesse aos desejos
de seus eleitores, ou se teria autonomia pra, uma vez
ocupante do cargo, fazer o que julgasse melhor. De toda
forma, o representante seria uma escolha feita a partir
de algum tipo de identificação com o eleitor.
Entretanto, ao ser instaurada a democracia
representativa no Brasil, o contexto social e econômico
não favorecia um funcionamento pleno do que seria
esse sistema. Em um contexto de extrema desigualdade
Para continuar a ler
PEÇA SUA AVALIAÇÃO