Desenvolvimentos recentes do mercado e perspectivas para o project finance
Autor | E. R. Yescombe |
Páginas | 761-788 |
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CAPÍTULO XVII
DESENVOLVIMENTOS RECENTES
DO MERCADO E PERSPECTIVAS
PARA O PROJECT FINANCE
§17.1 INTRODUÇÃO
A partir dos anos 1980, até 2008, o uso do project finance cont i-
nuou a se expandir constantemente ao redor do mundo, pois somente
foi afetado marg inalmente pelas cr ises financeir as anteriores, tais como
a crise asiática de 1997 ou o colapso da Enron em 20 01. Mas os efeitos
diretos e ind iretos da crise f inanceira de 200 8 sobre o mercado de project
finance foram muito ma iores em escala. Embora até 20 09–10 o mercado
de project finance parecesse estar se recuperando, a cr ise da Zona do Euro
teve um efeito adicional adverso, não apenas sobre os projetos na Eu-
ropa, mas ta mbém em outras partes do mundo, onde os bancos de project
finance europeus importantes estavam ativos, sobretudo nas Américas.
Embora as perdas de crédito dos bancos sobre os empréstimos
de project finance não fossem significativas após 2008, a liquidez de tais
empréstimos foi uma questão importante (§17.2), acentuada pelos re-
quisitos de ‘Basi leia III’ (§17.3). O incentivo à atuação dos f inanciadores
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não bancários para o mercado de project finance, especialmente para a
infrae strutura, foi uma pr ioridade nos países ma is afetados pelos declín ios
de crédito bancário (§17.4), e o melhoramento do risco de crédito das
transaçõe s de project finance é visto como um a parte-chave deste processo
(§17.5). Modelos novos para as estruturas de project f inance podem ser
relevantes em poucos setores do mercado (§17.6).
Até meados de 2013, os bancos foram rapidamente retornando ao
mercado e competindo fortemente com os f inanciadores não ba ncários e
medidas e xtraordiná rias para levant ar fina nciamento privado, sobret udo,
para projetos de inf raestrutura e stavam provando ser desnecessári as. Então,
o importante papel desempenhado pelos bancos comerciais no mercado
de project finance po de diminuir um pouco e se redu zir consideravelmente
em alguns mercados, mas é improvável que desapareça (§17.2).
§17.2 O EFEITO DA CRISE FINANCEIR A DE 2008
As carteiras de empréstimos de project finance sobreviveram muito
bem à recessão econômica após 2008: os níveis de perdas incorridas
pelos bancos e outros financiadores no project finance foram baixos se
comparados a outras formas de empréstimo tais como empréstimos à
habitação ou financiamento corporativo. Não há dúvida de que a tese
de que o projectfinance como um tipo de empréstimo de baixo risco —
talvez contrár ia às primeiras impressões — conf irmou-se diante dessas
condições dif íceis. A razão para as baixas taxas de perda claramente se
relaciona à dil igência ostensiva e aos controles cuida dosos que os bancos
usam no project f inance.
Mas o project finance não se amparou bem em um outro aspecto
— o da liquidez. Sempre houve uma suposição implícita de que os
empréstimos de project f inance fossem líquidos, isto é, eles podiam ser
consorciados (liquidados) para outros bancos (cf. §5.2.8) se o banco
original quisesse reduzir o seu nível de risco de longo prazo em um
dado projeto. A contração do empréstimo completamente através do
setor bancário tornou isso impossível na maioria dos mercados ociden-
tais e reduziu drasticamente o apetite para risco dos bancos, e, assim, a
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