Desigualdade de gênero nos cuidados de fim de vida

AutorLuciana Dadalto e Rafaela Borensztein
Ocupação do AutorDoutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG/Pós-Graduanda em Direito à Saúde pela Faculdade Arnaldo ? Supremo Concursos
Páginas265-273
DESIGUALDADE DE GÊNERO
NOS CUIDADOS DE FIM DE VIDA
Luciana Dadalto
Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG. Mestre em
Direito Privado pela PUCMinas. Sócia da Luciana Dadalto Sociedade de Advogados.
Administradora do portal www.testamentovital.com.br.
Rafaela Borensztein
Pós-Graduanda em Direito à Saúde pela Faculdade Arnaldo – Supremo Concursos.
Pós-Graduada em Direito do Consumidor pela Universidade Cândido Mendes no Rio
de Janeiro. Advogada, sócia e fundadora da Rafaela Borensztein Sociedade Individual
de Advocacia.
Sumário: 1. Introdução. 2. O cuidado como um dever feminino. 3. Desigualdade de gênero
nos cuidados de m de vida. 4. Repercussões sociais da desigualdade de gênero nos cuidados
em m de vida. 5. Considerações nais. 6. Referências.
1. INTRODUÇÃO
A introdução do caráter relacional do gênero, trazida pela historiadora Joan Wallach
Scott (1995), levou a uma revisão dos estudos direcionado às mulheres e apontou para a
necessidade de estudos sobre as relações de gênero, uma vez que a história das mulheres
não pode ser vista separada da história dos homens. É uma coexistência.
Segundo Pierucci (1990), a certeza de que os seres humanos não são iguais,
porque não nascem iguais e como tal não podem ser tratados como iguais, quem pri-
meiro apregoou foi a direita, mais exatamente a ultradireita do f‌inal do século XVIII
e primeiras décadas do século XIX, como reação ao ideal de igualdade e fraternidade
cultuados pela Revolução Francesa. Portanto, a bandeira da defesa das diferenças,
hoje empunhada à esquerda pelos “novos” movimentos sociais (das mulheres, dos
negros, dos homossexuais etc.), foi na origem – e permanece fundamentalmente – o
grande emblema das direitas, velhas ou novas, extremas ou moderadas. Funcionando
no registro da evidência, as diferenças explicam as desigualdades de fato e reclamam
a desigualdade (legítima) de direito.
Ao longo da história, a discussão da diferença entre homens e mulheres desen-
volveu-se principalmente entre duas perspectivas. A primeira perspectiva enaltece e
aprisiona a f‌igura feminina em modelos construídos de mãe, f‌ilha e esposa, ainda que
ideologicamente valorizados. Por sua vez, o outro cenário enfatiza que as divergências
sexuais provêm da socialização e da cultura. E, sob esta visão, a superação da ordem e
das leis patriarcais eliminaria as diferenças sexuais.
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