Dimensionamento das Entradas Ambulatoriais em uma Maternidade em Função do Número de Leitos Disponíveis no Alojamento Conjunto

AutorDjair Picchiai - Rafaela Alkmin da Costa
CargoFundação Getúlio Vargas SP, Brasil
Páginas113-123
Picchia, D.; Costa, R.A.
113 Ciências Jurídicas, v.19, n.2, p.113-123, 2018
Djair Picchiaa; Rafaela Alkmin da Costab*
Resumo
Este estudo teve por objetivo dimensionar a entrada ambulatorial de pacientes na Divisão de Clínica Obstétrica (DCO) do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em função do número de leitos disponíveis. Utilizou-se a metodologia de estudo de caso
quantitativo com acesso ao banco de dados do serviço, referentes aos meses de julho de 2015 a abril de 2016. Utilizou-se a Equação de Erlang-B para
calcular, a partir da taxa de ocupação, da média de permanência das pacientes, do número de leitos disponíveis, da taxa de recusa desejada e do histórico
de entradas das gestantes, qual seria o redimensionamento necessário no ambulatório da DCO. Nos 10 meses de análise, a taxa de ocupação média foi de
84,2%, a média de permanência foi de 2,8 dias. Para 13 leitos disponíveis, a taxa de recusa de até 5% seria atingida com uma demanda calculada de 3,2
chegadas/dia no serviço. Conclui-se que para se atingir a taxa de recusa de até 5% na DCO seria necessária uma redução de 9 a 35% na entrada mensal
ambulatorial, de acordo com o percentual de redução de entradas de pacientes “externas”, via pronto-socorro, para parto no serviço.
Palavras-chave: Dimensionamento. Leitos. Maternidade.
Abstract
This study was designed to measure the outpatient admission patients in the Division of Obstetric Clinic (DCO), Hospital das Clinicas, Faculty of
Medicine, University of São Paulo in the number of beds available. Quantitative case study methodology was used with access to service database, for
the months of July 2015 to April 2016. Erlang-B equation was used to calculate, from the occupancy rate, the average of the patients stay, the number
of beds available, the desired rate of refusal and history admission of pregnant women, which would be necessary to resize the outpatient clinic of
DCO. In the 10 months of analysis, the average occupancy rate was 84.2%, the average stay was 2.8 days. For 13 beds available, refusal rate of up to
5% would be reached with an estimated demand of 3.2 arrivals / day service. It follows that to achieve up to 5% rejection rate in the DCO a reduction
of 9 to 35% would be required on an outpatient monthly input according to the percentage of admission reduction of patients ‘external’, ER pathway,
for parturition in the service.
Keywords: Design. Hospital Beds. Maternity.
Dimensionamento das Entradas Ambulatoriais em uma Maternidade em Função do Número de Leitos
Disponíveis no Alojamento Conjunto
Sizing of Outpatient Entries in a Maternity Hospital in Function of Number of Available Beds in the
Rooming
DOI:
aFundação Getúlio Vargas. SP, Brasil.
bFundação Getúlio Vargas, Pós-Graduação em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde. SP, Brasil
E-mail: rafaelaalkmin@gmail.com
1 Introdução
O gerenciamento e a falta de leitos podem ser um desao
nas maternidades e são problemas já relatados por outros
autores (JONES, 2003, 2012a, 2012b; PILKINGTON et al.,
2008).
A indisponibilidade de leitos pode levar à recusa de
internação da parturiente e a necessidade de sua transferência
para outro serviço. O número de admissões recusadas pode ser
um indicador de qualidade do serviço (BRUIN et al, 2009),
já que altas taxas levam a prejuízos das operações do serviço
(JONES, 2012a), acarretando estresse para a equipe de saúde
e para a parturiente, além de dicultarem a gestão da unidade,
com aumento de cancelamentos cirúrgicos, alocações de
pacientes em leitos inadequados, e aumento de riscos para
os pacientes pela necessidade de transferência entre serviços
(JONES, 2001).
Com a crise econômica atual, medidas de redução de
custo foram adotas pela alta direção no Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HC-FMUSP), o que levou ao bloqueio de cerca de 20%
dos leitos hospitalares para internações do Sistema Único
de Saúde (SUS). O fechamento de muitas maternidades no
Estado de São Paulo (CANCIAN, 2014) e a perda de vidas
na Saúde Suplementar (WILTEMBURG, 2016) fazem
aumentar a demanda de atendimento no SUS, inclusive para
partos. O aumento da demanda e a diminuição da oferta
tornam frequentes situações de indisponibilidade de leitos
no alojamento conjunto para internação de parturientes
na Divisão de Clínica Obstétrica (DCO) do HC-FMUSP,
aumentando as taxas de recusa.
Para reduzir as taxa de recusa é alternativa aumentar o
número de leitos ou adequar a demanda ao número de leitos
disponíveis, o que muitas vezes só é obtido à custa de baixas
taxas de ocupação (JONES, 2012b).
Uma vez que não há previsão de aumento de leitos na
DCO do HCFMUSP, o redimensionamento das entradas de
pacientes pode contribuir para a redução da taxa de recusa de
admissões.
O HC-FMUSP é um hospital público, de atenção
terciária, referência nacional para casos de alta complexidade.
Minoritariamente, também presta atendimento a usuários
de convênios e particulares. É hospital escola vinculado à
Universidade de São Paulo.
A DCO é responsável pelo atendimento de Obstetrícia no
complexo do HC-FMUSP e serviço terciário de referência

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