Direito e Globalização Econômica

AutorPaulo Guilherme Ribeiro Bigonha
CargoAluno de graduação em Direito da UnB (2o semestre)

'Não há nada mais difícil de realizar, nem de sucesso mais duvidoso, nem mais perigoso de controlar, do que o início de uma nova ordem de coisas.'

(Maquiavel)

A máquina a vapordo séc. XVIII cede seu lugar à tecnologia. O aperfeiçoamento dos meios de transporte e comunicação são provas latentes da revolução do século XX. A velocidade da evolução de um lado, aliada à mudança, também espantosa, dos detentores da riqueza do mundo, passando da mão do Estado para a iniciativa privada, são os pontos-chave para o entendimento da alteração da consciência econômica hodierna.

A este processo de aceleração capitalista dá-se o nome de globalização. Nome próprio de um processo no qual a distância não se configura mais num problema. A rapidez dos transportes e a instantaneidade da informação não representam mais que 10% do preço da mercadoria. Resultado: economias nacionais perdem importância.

No campo financeiro, a grande transformação é ilustrada pelo capital privado, que passou a representar a verdadeira riqueza mundial (10 trilhões de dólares) . Em comparação com a capacidade privada de investimentos, o volume de dinheiro público é muito modesto. Nos anos pós-guerra, os países de vanguarda do desenvolvimento eram nada mais que províncias: telefonia operada por telefonistas, usinas elétricas com potência insignificante… . O cofre do Estado sustentava tais gastos. Neste ponto, novos fatores entraram na cena mundial. Os gastos sob o codinome de social (saúde, aposentadoria) podem ser tratados como causa-mor da degradação dos cofres públicos. É neste contexto que falamos do Estado-Providência em contraposição ao Estado liberal. O Estado cresceu, suas funções multiplicaram-se e a preocupação econômica transformou-se em preocupação social. O que resulta hoje é o Estado sem fundos para investimentos. Parece-me certo que a onda de privatização é decorrente dessa ausência de capital para bancar grandes investimentos.

Outra faceta do processo de globalização está na indústria. As grandes corporações investem em qualquer lugar do mundo - onde estiver o melhor preço - e cada peça do produto final é fabricada em um lugar diferente do globo. As operações foram internacionalizadas e o lucro também, de certa forma, não tem nação definida. Anteriormente, as empresas corriam atrás do Estado. Hoje esta situação se inverteu: para levar uma das grandes corporações para seu país ou estado-membro, os governantes são obrigados a dispensar muitos esforços, muitas vantagens e...

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