Do fenômeno ao númeno: como é possível a comunicação entre os mundos?

AutorÁlvaro Luis Ribeiro Reis
Páginas31-38
DO FENÔMENO AO NÚMENO: COMO É POSSÍVEL A
COMUNICAÇÃO ENTRE OS MUNDOS?
Álvaro Luis Ribeiro Reis1
A filosofia kantiana sustém-se na clivagem da realidade em
dois planos - o numênico e o fenomênico - nos inúmeros tópicos que
Immanuel Kant debruça-se e pretende propor resposta, compondo,
tal divisão, o quadro de fundo de sua filosofia. Isso deve-se à
tentativa do estabelecimento de algum tipo de necessidade e
universalidade no mundo humano, a qual foi levado o prussiano em
consequência dos debates metafísicos que fomentaram o
surgimento do criticismo, proposta de clarificação do campo legítimo
da metafísica2.
No bojo da querela entre céticos e dogmático, Kant,
reconhecendo a força das críticas humeanas (como esclarece nos
Prolegômenos3), entende que é impossível derivar saber necessário
do âmbito empírico, pois o que seria produzido seria apenas uma
mera generalização, sem qualquer traço de universalidade ou
necessidade4. Nesse sentido, o esforço de reconhecimento de
necessidade e universalidade no mundo encontraria viabilidade tão
somente pela descoberta de um fundamento não residente na
experiência, mas que se realize na mesma, que nenhum
conhecimento é possível ao homem que não seja derivado da
experiência5.
Seguindo nessa raia, na Crítica da razão pura, o filósofo
prussiano propõe uma base não empírica responsável por
condicionar toda a experiências sensível. Similarmente, fará isso no
contexto da Crítica da razão prática, ao fundamentar as bases da
esfera moral nas operações da vontade pura, que, na condição de
não empírica mas não apartada de completo da experiência
humana, é construtora de um reino praticamente necessário6.
Kant, reconhecendo o sucesso da ciência matemática da
natureza no contexto da Modernidade7, reconhece a existência de

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