A economia-politica do racismo.

AutorPiedade, Diego da Conceição

ALMEIDA, S. L. de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018, 204 pp.

Desde que a filósofa Djamila Ribeiro anunciou que coordenaria uma coleção teórica intitulada "Feminismos Plurais" sobre as categorias analíticas importantes para a compreensão histórica da formação das desigualdades e, principalmente, das desigualdades raciais, esse conjunto de publicações tem sido motivo de congraçamento (tendo em vista a história de silenciamento imposta às teorias formuladas por pensadores negros), mas também de intensos estudos e debates (inclusive sendo incluída a coleção em projetos pedagógicos de cursos do Ensino Básico e Universitário), no intuito de se apropriar desta bibliografia, que consegue atualizar os debates urgentes da nossa sociedade, mas que nem sempre são pautados com a seriedade teórico-metodológica necessária.

A obra aqui resenhada O que é racismo estrutural? do autor Silvio Luiz de Almeida, Advogado, Filósofo, Mestre em Direito Político e Econômico e Doutor e Pós-Doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP, consegue abordar a questão teórica e material do racismo com o devido rigor e a seriedade necessários para um profícuo "descortinamento" das desigualdades históricas impostas ao povo negro desde o processo colonial. Mas, para além de uma obra especificamente sobre racismo, como o próprio autor nos informa em sua introdução, "trata-se de um livro de Teoria Social", sendo assim, com o pressuposto teórico-metodológico da quebra de paradigmas analíticos, já enrijecidos, da realidade social.

Dois apontamentos relevantes que já encontramos na introdução são as teses centrais que o autor vai construir durante toda a obra: "uma é de que a sociedade contemporânea não pode ser compreendida sem os conceitos de raça e de racismo" e a outra é de que "o significado de raça e de racismo, bem como suas terríveis consequências, exigem dos pesquisadores e pesquisadoras um sólido conhecimento de Teoria Social". Não obstante, a importante compreensão de que "o racismo é sempre estrutural, ou seja, de que ele é um elemento que integra a organização econômica e política da sociedade" (ALMEIDA, 2018, p. 15).

Todos esses elementos abordados previamente pelo autor vão dialogar com a construção dos capítulos, marcados de forma potente pelo entendimento de que o racismo tem sido a tônica real - estética, epistemicida, ideológica, e político-econômica, e porque não, o modus operandi da precarização histórica das vidas, bem como a régua da necropolítica como nos informa Mbembe (2018), de tal forma que tem consolidado desde as instituições do Estado, ao senso-comum, um padrão normalizado...

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