Estudo socioambiental da bacia do Rio Pardo: irrigação, monoculturas e crise hídrica

AutorJoaci de Sousa Cunha, Gilca Garcia Oliveira, Maicon Leopoldino de Andrade
Páginas227-247
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, n. 246, p. 227-247, jan./abr., 2019 | ISSN 2447-861X
ESTUDO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARDO:
IRRIGAÇÃO, MONOCULTURAS E CRISE HÍDRICA - Relatório de
Pesquisa
Joaci de Sousa Cunha (CEAS; UCSal)
Gilca Garcia de Oliveira (UFBA)
Maicon Leopoldino de Andrade (CEAS)
Informações do artigo
Recebido em 08/05/2019
Aceito em 10/05/2019
doi>: https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p227-247
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Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Como ser citado (modelo ABNT)
CUNHA, Joaci de S.; OLIVEIRA, Gilca Garcia de;
ANDRADE, Maicon Leopoldino de. Estudo
socioambiental da bacia do Rio Pardo: irrigação,
monoculturas e crise hídrica - Relatório de Pesquisa.
Cadernos do CEAS: Revista Crítica de Humanidades,
Salvador, n. 246, jan./abr., p. 227-247, 2019. DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2019.n246.p227-247
Resumo
Resultado de pesquisa rea lizada pelo Centro de Estudos
e Ação Social, o presente relatório expõe, de forma
direta, sem maiores análises, os resultados da
investigação realizada por seus autores a respeito da
problemática socioambiental na bacia hidrográfica do rio
Pardo, especialmente em suas porções média, no
sudoeste da Bahia, e alta, no norte de Minas Gerais.
De Porto de Santa Cruz, em Cândido Sales, até desaguar
em Canavieiras, o rio Pardo per corre 345 km em terras
baianas, do seu trajeto total de 565 km. É verdade que, a
cada período, com menos água. Não por causa exclusiva
da redução das chuvas. Mas, porque agora suas águas
têm dono, ou será que poderíamos dizer
expropriadores?...
Cadernos do CEAS, Salvador/Recife, n. 246, p. 227-247, jan./abr., 2019
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Estudo socioambiental da Bacia do Rio Pardo... | Joaci de S. Cunha, Gilca G. de Oliveira e Maicon L. de Andrade
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Introdução
Resultado de pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e Ação Social, o presente
relatório expõe, de forma direta, sem maiores análises, os resultados da investigação
realizada por seus autores a respeito da problemática socioambiental na bacia hidrográfica
do rio Pardo, especialmente em suas porções média, no sudoeste da Bahia, e alta, no norte
de Minas Gerais.
De Porto de Santa Cruz, em Cândido Sales, até desaguar em Canavieiras, o rio Pardo
percorre 345 km em terras baianas, do seu trajeto total de 565 km. É verdade que, a cada
período, com menos água. Não por causa exclusiva da redução das chuvas. Mas, porque
agora suas águas têm dono, ou será que poderíamos dizer expropriadores?
De fato, as outorgas da ANA para a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo (BHRP) r evelam
que 89,5% do volume das águas outorgadas é utilizado para irrigação e apenas 8,7% para
abastecimento humano e 0,5% para esgotamento sanitário. Talvez, isso explique porque
Cândido Sales, Encruzilhada e Itambé têm enfrentado forte crise de abastecimento nos
últimos anos.
Em Minas e Bahia, são 37 municípios na BHRP, sendo 13 mineiros e 24 baianos, com
uma população superior a um milhão de habitantes (em 2010, eram 911.708), estando 83,2%
deles no estado da Bahia e 16,7% no estado de Minas Gerais (CENSO DEMOGRÁFICO/IBGE,
2010).
Quadro 1 Relação de municípios integrantes da BHRP por Estado
BAHIA
MINAS GERAIS
Cândido Sales, Encruzilhada, Ribeirão do Largo,
Macarani, Itambé, Vitória da Conquista, Barra do
Choça, Caatiba, Belo Campo, Itapetinga, Itarantim,
Pau Brasil, Camacã, Potiraguá, Mascote, Maiquinique,
Santa Luzia, Planalto, Nova Cannaã, Tremedal, Piripá,
Poções e Canavieiras.
Rio Pardo de Minas, Montezuma, Santo Antônio do
Retiro, Vargem Gran de do Rio Pard o, São João do
Paraíso, Indaiabira, Taiobeiras , Santa Cruz de
Salinas, Berizal, Águas Vermelhas, Divisa Alegre,
Ninheira e Curral de Dentro.
Fonte: (IBGE, 2010)
A partir do encontro “Os (des)caminhos da Bacia do Rio Par do e seus afluentes: água
hoje e amanhã” para o trecho baiano, organizado pelo Fórum de Entidades e Movimentos
Sociais do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista (dez. 2016), foi que se adotou a forma
de atuar em defesa do rio Pardo a partir das microbacias dos seus afluentes, além das
questões gerais de sua calha central. Nesse encontro, o diagnóstico dos problemas foi
sintetizado no quadro abaixo.

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