Exemplo no 10. O uso de metáforas na linguagem de construção civil

AutorJosé Fiker
Ocupação do AutorDoutor em Semiótica e Linguística Geral (com enfâse em Laudos Periciais) pela USP
Páginas197-200

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Este exemplo trata de um conjunto de recomendações feitas por peritos engenheiros associados ao IBAPE-SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias, no intuito de esclarecer administradores e síndicos de edifícios sobre COMO ZELAR PELA SAÚDE DOS EDIFÍCIOS.

Como é um manual escrito por engenheiros peritos, julgamos interessante apresentá-lo como exemplo de como se pode explicar de maneira fácil ao juiz, pela adoção de metáforas frequentemente utilizadas na linguagem da construção civil, como proceder à manutenção de um edifício.

O recurso aqui utilizado é comparar o edifício ao corpo humano e sua manutenção preventiva com o acompanhamento médico para evitar doenças.

Note-se que o termo “patologia das construções” é amplamente usado na construção civil e o juiz não tem obrigação de saber que ele não se refere, dentro desse contexto pragmático, a doenças humanas.

É preciso explicar o significado do termo no contexto da construção civil para que não ocorram dúvidas como tomamos conhecimento de uma advogada que perguntou:

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– “O edifício está doente?”

A inclusão das primeiras falhas deste manual ao nosso trabalho tem o objetivo de mostrar claramente o problema do texto e contexto e de como funcionam as metáforas no contexto da construção civil, explicando assim o que foi dito no CAPÍTULO IX – METÁFORA, METONÍMIA E CONOTAÇÃO.

COMO ZELAR PELA SAÚDE DOS EDIFÍCIOS CONVÊNIO CREA/IBAPE-SP

I – Introdução

O homem criou os edifícios, até certo ponto, à sua imagem e semelhança:

Assim como o ser humano tem, os edifícios têm

ESQUELETOESTRUTURAS

Assim como o ser humano tem, os edifícios têm

MUSCULATURAALVENARIA

Assim como o ser humano tem, os edifícios têm

PELEREVESTIMENTOS

Assim como o ser humano tem, os edifícios têm

SISTEMA CIRCULATÓRIOINSTALAÇÕES

HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS

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Da mesma forma que os indivíduos, as edificações, em certas circunstâncias, adoecem, por fatores endógenos, fatores exógenos ou pela natureza.

Fatores endógenos, ou internos decorrem de deficiências de projeto ou execução da obra, falhas de utilização ou de sua deterioração natural, pelo esgotamento de sua vida útil, em geral estimada em um máximo de 60 anos, ou seja, por fatores inerentes ao próprio imóvel. Fatores exógenos, ou externos, decorrem de ações impostas por fatores produzidos por terceiros, não previstos quando da execução da obra, ou seja, fatores externos, alheios à obra, provocados por ações voluntárias ou involuntárias.
A natureza ...

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