A fraternidade como antídoto contra a aporofobia
Autor | Augusto César Leite de Resende, Carlos Augusto Alcântara Machado |
Cargo | Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil/Universidade Tiradentes, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Brasil |
Páginas | 1-23 |
1
DOI https://doi.org/10.5007/2177-7055.2021.e74086
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A fraternidade como antídoto
contra a aporofobia
The fraternity as antidote against aporophobia
Augusto César Leite de Resende
Universidade Tiradentes, Aracaju, Brasil
Carlos Augusto Alcântara Machado
Universidade Tiradentes,
Universidade Federal de Sergipe, A racaju, Brasil
Resumo: Os pobres são vítima s de práticas preconceituos as e discrim inatórias, que
são express ões de violência e motivada s unicamente pela su a condição econômica.
Por essa razão, o tema do presente t rabal ho cientíco se i nspirou nos estudos de
Adela Cortina sobre a aporofobia, termo cr iado para designa r a aversão ao pobre.
Nesse contexto, pre tende-se, ao longo da pres ente reexão, demonstra r, através de
uma pesqu isa dedutiva e bibliográ ca, que os cidadãos são, por força do pr incípio
constituc ional da fratern idade, impelidos a adot ar práticas frate rnas de reconheci-
mento, respeito e consideração ao pobre e, ao nal, sustentar que a fratern idade é
um antídoto cont ra a aporofobia.
Palavras-chave: Aporofobia – Frater nidade – Reconhecimento.
Abstract: The poor are victi ms of prejudiced and dis criminator y practices, which
are expres sions of violence and motivated solely by t heir economic condition. For
this reason, the theme of the pre sent scienti c work was inspi red by the stud ies
of the Adela Cort ina on aporophobia, a term created to designate aversion of the
poor people. In this context, it is intended, throughout this academic reection,
to demonstrate, through deductive and bibl iographic research, that citizens are,
by virt ue of the constit utional pr inciple of fr aternit y, impelled to adopt fraternal
2 SEQÜÊNCI A (FLORIANÓPOL IS), VOL. 42, N. 88, 2021
A FRATERN IDADE COMO ANT ÍDOTO CONTR A A APOROFOBI A
practices of re cognition, respect an d consideration for the poor people and , in the
end, maintain that the fraternity is an antidote against aporophobia.
Key words: Aporophobia – Fraternit y – Recognit ion.
1 INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho cientíco se inspirou nos estudos
da Professora de Ética e Fi losoa Política da Universidade de Valência,
a espanhola Adela Cortina1, em seu livro “Aporofobia, el rechazo ao
pobre: um desafío para la democracia”. A destacada obra, pois, aborda o
tema “aporofobia”, termo por ela adotado, criado mesmo, para desig nar
o medo, a aversão ou o rechaço ao pobre, substantivo depois eleito
como a palavra do ano de 2017 pela Fundação Espanhola Urgente e
já incorporada ao Dicionário de Língua Espanhola.
A aporofobia é uma das fontes de práticas de violência contra o
pobre, especialmente em razão da situação de vulnerabilidade que se
1 “Adela Cortina é cated rática de É tica e Filosoa Polít ica na Univers idade de Valência,
Espanh a, onde coorden a o curso de p ós-gr aduação em Ét ica e Democracia. É doutor a
em Filoso a e foi professor a visita nte na Univer sidad de L ouvain-l a-Neuve, na Bél gica,
na Vrije Univers itet, em Am sterda m, na Univer sidade de Not re Dame, nos EUA, e n a
Universid ade de Cambridg e, no Reino Unido. Atua lmente é diretor a da Fundação pa ra a
Ética dos Neg ócios e das Orga nizações – ÉTNOR . Entre seus liv ros, destacam -se Razón
comunicat iva y responsabilid ad solidaria (Síg ueme, 1985), Ética apl icada y democracia
radical (Tecnos, 1993), Alia nza y Contr ato (Tr ott a, 20 01), R azón pública y é ticas
aplicadas (Coed., Tecnos, 2003), Ét ica de la Razón cordi al. Educar en la Ciuda danía en
el Siglo XX I (Nobel, 2007), Pobreza y L ibertad. Err adicar la pobreza desde el e nfoque
de Amar tya Sen ( Editores Adela Cor tina y Gustavo Pereir a, Tecnos, 20 09), Neuroética
y neuropolít ica. Las ba ses cerebrales d e la educación mo ral (Tecnos, 2011) e ¿Para
qué sirve rea lmente la ét ica? (Pa idós, 2013)”. Inform ações extraíd as da introdução, por
Patríci a Fachin, à entrev ista concedida a o IHU On-Line no PPG de E conomia da UFR S,
em 27 de maio de 2 016. “Podemos cont inuar d izendo que cre mos na Declara ção dos
Direitos Hu manos? Ou vamos tra ir a nossa identidade ?” Disponível em: http://www.ihu.
unisinos.br/entrevistas/555884-podemos-continuar-di zendo-que-cremos-na-decla racao-
dos-direitos-humanos-ou-vamos-trair-a-nossa-identidade-entrevista-especial-com-adela-
cortina. Ac esso em: 31 mar. 2 020. A autora é t ambém con hecida por d ifund ir o que
denominou d e “Ética da Razão Cor dial”, título de u ma das suas obra s mais relevantes.
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