Globalizaão e a dinâmica econômica e territorial na américa latina

AutorBenjamin Alvino de Mesquita, José de Ribamar Sá Silva, Ricardo Gilson da Costa Silva, Welbson do Vale Madeira, Zulene Muniz Barbosa
Páginas389-410
GLOBALIZAÇÃO E A DINÂMICA ECONÔMICA E TERRITORIAL NA AMÉRICA LATINA
Benjamin Alvino de Mesquita1
José de Ribamar Sá Silva2
Ricardo Gilson da Costa Silva3
Welbson do Vale Madeira4
Zulene MunizBarbosa 5
Resumo
O artigo aborda o debate contemporâneo da chamada globalização neoliberal e a dinâmica socioeconômica e territorial nas
áreas periféricas do capitalismo, ocasionadas pelas formas de integração que privilegiam a financeirização frente aos
aspectos produtivos, realizadas por países da América Latina. Um elemento importante para a compreensão do
neoliberalismo que impôs a todos uma lógica destrutiva de conquistas históricas (Welfare State), f oi fugir da visão do
mainstream econômico e se apoiar na Economia Política e correntes heterodoxas. Esta forma de i nserção, baseada em
commodities, direciona as políticas econômicas, sociais e ambientais de acordo com os preceitos neoliberais e consolida
um padrão de crescimento, instável e vulnerável que aumenta o grau de dependência e responde pelo quadro de
desigualdade e expropriação de minorias excluídas da globalização financeira. O cerne da questão está na
desregulamentação dos fluxos financeiros, comerciais e de serviços propostos pelo fundamentalismo de mercado, que se
impôs a todos, sob a complacência de um Estado Nacional que se apequena no exercício do seu papel promotor de
desenvolvimento e de políticas públicas.
Palavras-Chave: Globalização neoliberal. Formas de integração. Dinâmica econômica. Áreas periféricas. Estado Nacional.
GLOBALIZATION AND ECONOMIC AND TERRITORIAL DYNAMIC IN LATIN AMERICA
Abstract
The article addresses the contemporary debate on the so-called neoliberal globalization and the socioeconomic and
territorial dynamics in the peripheral areas of capitalism, caused by the forms of integration that privilege financialization over
the productive aspects, carried out by countries in Latin America. An important element in the understanding of neoliberalism
that imposed a destructive logic of historical conquests (Welfare States) on everyone, was to escape from the vision of the
economic mainstream and to rely on Political Economy and heterodox currents. This commodity-based insertion form directs
economic, social and environmental policies according to neoliberal precepts and consolidates an unstable and vulnerable
growth pattern that increases t he degree of dependence and accounts for the situation of inequality and expropriation of
minorities excluded from globalization. financial. The heart of the matter is the deregulation of financial, commercial and
investment flows services proposed by market fundamentalism, which imposed itself on everyone, under the complacency of
a National State that becomes smaller in the exercise of its role promoting development and public policies.
Key Words: Neoliberal globalization. Forms of integration. Economic dynamics. Peripheral areas. National State.
Artigo recebido em: 11/11/2019. Aprovado em: 10/02/2020
1 Doutor em Geografie e Amenegment et urbanism pelo IHEAL/Sorbonne Nouvelle/Paris 3 e em Políticas Públicas pela
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Professor do Departamento de Economia e dos Programas de Pós-Graduação em
Políticas Públicas e Desenvolvimento Socioeconômico da U niversidade Federal do Maranhão. Email:
benjaminalvino@yahooo.com
2 Doutor em políticas Públicas (UFMA), Professor titular do Departamento de Economia e dos Programas de Pós-Graduação em
Políticas Públicas e Desenvolvimento Socioeconômico da Universidade Federal do Maranhão. E-mail: zederiba@hotmail.com.
3 Doutor em Geografia Humana (USP), professor do Departamento de Geografia, do Programa de Pós-graduação em Geografia
(PPGG/UNIR) e do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar Profissional em Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça
(DHJUS/UNIR) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). E-mail: rgilson@unir.br
4 Doutor em Desenvolvimento Socioambiental (NAEA/UFPA). Professor do Departamento de Economia e do Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico da UFMA. Email: welbsonmadeira@uol.com.br.
5 Doutora em Ciências Sociais-Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com pós-doutorado no Centro de
Estudo Sociais, Universidade de Coimbra, Professora do Depto Ciências Sociais/ UEMA, E-mail: zulene.mb@uol.com.br.
GLOBALIZAÇÃO E A DINÂMICA ECONÔMICA E TERRITORIAL NA AMÉRICA LATINA
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1 INTRODUÇAO
O texto é uma síntese da mesa organizada pelo grupo de pesquisa Desenvolvimento
Econômico e Agricultura Brasileira, no âmbito da IX JOINPP 2019 e teve como temática a
globalização financeira e as implicações da mesma para aspectos que foram objeto de análise na mesa
redonda1, que se considera importante para a compreensão do quadro de desigualdade e expropriação
que prevalece em regiões periféricas como a América Latina, neste processo de desregulamentação
dos fluxos financeiros, comerciais e de serviços proposto pelo fundamentalismo de mercado, regras
estas impostas a todos sob a complacência de um Estado Nacional que se apequena no exercício do
seu papel promotor de desenvolvimento e de políticas públicas.
Os processos derivados das políticas neoliberais implementada desde os anos 1970
impõem a todos uma lógica destrutiva daquilo que se tinha conquistado pós-crise de 29 e sob a égide
do Bretton Woods que se esgota na década de 1970. Os objetivos neoliberais passam pelo rompimento
de estruturas, conquistas sociais e formas tradicionais de organização da produção, e sobretudo pela
desconstituição do Estado do Bem-estar social e desenvolvimentista. O neoliberalismo se alastrou pelo
mundo e nas periferias do capital, e a primeira a embarcar nessa ideologia neoliberal foi América Latina
(AL). A exploração de recursos naturais em larga escala (e, sua exportação) foi a marca da registrada
de integração a globalização escolhida por estes países. Nos últimos 30 anos, essa opção de se
especializar na produção de commodities ocasionou transformações significativas na reorganização do
território e na dinâmica socioeconômica e ambiental destas áreas, opção essa que era desfavorável
aos segmentos excluídos desta globalização. Ademais esta forma de inserção internacional, ao
direcionar as políticas econômicas, sociais e ambientais de acordo com os preceitos neoliberais,
consolida um padrão de crescimento, instável e vulnerável, pois se sustenta em commodities, e assim
aumenta o grau de dependência e compromete uma ação governamental mais efetiva às populações
locais.
Nesse sentido, o modelo agroexportador atual é muito mais perverso em termos de
exclusão social e impacto ambiental do que o seu ancestral colonial (as plantations) e seus substitutos
posteriores. Os conflitos socioeconômicos e ambientais decorrentes da expansão do capitalismo no
campo sempre estiveram presentes na fronteira agrícola e expressam o antagonismo e o tratamento
diferenciado dado pelas políticas governamentais a dois segmentos sociais bem distintos no acesso e
controle desses territórios. De um lado, pequenos e médios proprietários, não proprietários (ocupantes,
arrendatários e parceiros) e categorias específicas como os povos e comunidades tradicionais e grupos
indígenas. De outro lado, grupos latifundiários, grileiros, grandes posseiros e grandes empresas,
sedentas pelo controle do acesso à terra “livres” indispensáveis à expansão dos monocultivos. Com o

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