Heitorzinho, o danadinho

AutorGreg Andrade
CargoAdvogado
Páginas246-246
246 REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 662 I FEV/MAR 2020
ALÉM DO DIREITO
Gregório Antônio Fernandes de Andrade ADVOGADO
HEITORZINHO, O DANADINHO
após fazer o melhor cursinho
pré-vestibular da região, e ter
alcançado a maior pontuação
no Enem quando, por óbvio,
escolheu cursar a graduação
em direito (curso pela manhã)
na universidade federal (já que
era a melhor de sua cidade).
Teve inúmeros acessos a ma-
teriais, estrutura e professores.
Heitorzinho, realizou está-
gio no gabinete de um desem-
bargador amigo de seu Pai (já
que se o realizasse no gabinete
de seu genitor, poderia pegar
mal...)
Concluiu sua graduação aos
23 anos e decidiu prestar con-
curso para magistratura. Tam-
bém prestava assessoria no ga-
binete de um juiz amigo de sua
mãe (gente esperta!)
E não é que Heitorzinho da-
nadinho passou de primeira!
Cara de sorte!
Hoje Heitorzinho é juiz em
Minas Gerais, ganha um salá-
rio que juntando com os inú-
meros penduricalhos passa
dos 60 mil reais mensais, leva
uma vida de nababo, ademais,
está fazendo o jogo político
para ser desembargador como
o pai...
Heitorzinho na sua trajetó-
ria como juiz, era implacável,
condenava por bagatela, che-
gou a aplicar seis anos e seis
meses de prisão em uma mãe
que roubou dois quilos de lin-
guiça para se alimentar...
Heitorzinho será pai, e de
alegria anda faceiro. Virá ao
mundo Carlos Heitor Meneses
Bueno de Bragança Júnior, que
chegará por estas paragens
com uma estrada pavimentada
pelo pai, avós e antepassados...
Até quando homens e mu-
lheres ricos irão julgar e con-
denar mulheres e homens po-
bres?
Nomes e personagens deste
texto são f‌ictícios...
Mas qualquer semelhança
com a vida real não é mera se-
melhança! n
HEITORZINHO NASCEU com
o pomposo nome de Carlos
Heitor Meneses Bueno de Bra-
gança e logo foi apelidado de
Heitorzinho pelas babás, por-
teiros e motoristas que servi-
ram a família Bueno de Bra-
gança. Nasceu rico, com o pai
desembargador de justiça e a
mãe procuradora.
Neste meio abastado, Hei-
torzinho cresceu sem lavar
um copo, nunca teve embaraço
para comprar o lanche da esco-
la particular de tempo integral
e sequer tinha o trabalho de
dobrar as roupas de cama.
Cresceu depressa, tratado
no Sustagen e leite Ninho. Aos
12 anos já era f‌luente em inglês
e espanhol, tocava violão, fazia
natação, aos 16 fez intercâm-
bio na Alemanha e gostava
de Nietzsche, e aos 18 ganhou
um carro do ano do Papai, que
João Baptista HerkenhoJUIZ DE DIREITO APOSENTADO
VIVA MARIELLE
É OPORTUNA A publicação
deste artigo num momento em
que indivíduos desprovidos de
sentimento ético profanam a
memória de Marielle Franco e
levantam palavras de conde-
nação contra ela.
Se o papa Francisco telefo-
nou para a mãe de Marielle
Franco poucos minutos antes
da missa celebrada em sufrá-
gio da alma da vereadora as-
sassinada no Rio de Janeiro,
não poderá ser levantada a
mão condenatória de quem
quer que seja para censurar
Marielle por qualquer de seus
atos. A mão que tenha o atre-
vimento de erguer-se, é mão
hipócrita e injusta.
Não se encontra na Bíblia
nenhuma palavra de Jesus pro-
nunciada para verberar o ateu.
Entretanto, o Cristo foi impla-
cável para condenar o fariseu,
que se ajoelhava e celebrava as
glórias do Criador, mas não se
compadecia dos sofredores.
Rev-Bonijuris_662.indb 246 15/01/2020 15:13:48

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