A historiografia oitocentista: a 'ciência histórica' em Fustel de Coulanges

AutorDiogo da Silva Roiz
CargoDoutorando em História pela UFPR, bolsista do CNPq. Mestre em História pelo programa de pósgraduação da UNESP, Campus de Franca. Professor do departamento de História da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Páginas257-263
Revista de Ciências Humanas - Florianópolis - Volume 45, Número 1 - p. 257-263 - Abril de 2011
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* The nineteenth century historiography: the “historical science” in Fustel de Coulanges
1 Doutorando em História pela UFPR, bolsista do CNPq. Mestre em História pelo programa de pós-
graduação da UNESP, Campus de Franca. Professor do departamento de História da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul (diogosr@yahoo.com.br).
2 Historiador francês, especialista em historiografia antiga e moderna, que inovou a interpretação de
textos antigos, nas suas pesquisas e em seus seminários ministrados na Escola de Autos Estudos em
Ciências Sociais (EHESS) em Paris (onde também foi professor e diretor de estudos). No Brasil já
foram traduzidas suas obras: O espelho de Heródoto (1999), A história de Homero a Santo
Agostinho (2001), Os antigos, o passado e o presente (2003) e Memória de Ulisses. Narrativas
sobre a fronteira na Grécia Antiga (2004). Além desses livros publicou ainda: Des Regimes
D’historicite (2003), Evidence de l’histoire (2005) e Anciens, modernes, sauvages (2005).
3 Considerado o pai da história, Heródoto é conhecido, principalmente, por suas Histórias, atualmen-
te traduzidas por Investigações, em função da diferença entre o que entendia por História e escrita
da história e o que passaria a ser definido a partir do século XVIII.
A historiografia oitocentista: a “ciência histórica”
em Fustel de Coulanges*
Diogo da Silva Roiz1
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
A obra de François Hartog2 é rica e instigante. Quando, em 1980, inovou a
investigação da obra de Heródoto (484/5-430aC)3, dando destaque à lei-
tura que fez sobre o “outro”, bárbaro, estrangeiro, por que não grego, em com-
passo com as interpretações e os usos que foram feitos de sua análise, de sua
obra e até do personagem histórico ao longo do tempo (ora visto como pai da
história, ora visto como mentiroso), demonstraria, ao mesmo tempo, as rela-
ções entre História e historiografia, de um lado, e os usos do passado no pre-
sente, de outro (HARTOG, 1999).
Com o passar do tempo e o progresso de seus estudos a respeito da
historiografia antiga e moderna, Hartog (2001, 2003b, 2003c, 2004) avançaria
em suas propostas teórico-metodológicas, sugerindo a hipótese de que cada
época formaria nos grupos e nos indivíduos diferentes formas de apreensão do
tempo histórico, no qual (as categorias) passado, presente e futuro seriam arti-
culados de acordo com as relações de força, que seriam impulsionadas pelos
indivíduos, e proporcionadas pelos projetos políticos e de mudança social, ao
enfatizarem com maior ou menor propensão as tradições do passado, as
ideologias no presente, ou as utopias para o futuro. Em vista disso, cunha-
ria o conceito de “regimes de historicidade”, em que entende “os diferentes
modos de articulação das categorias do passado, do presente e do futuro”, e
conforme a “ênfase seja colocada sobre o passado, o futuro ou o presente, a
ordem do tempo, com efeito, não é a mesma”; por isso, “não é uma realidade
acabada, mas um instrumento heurístico” (2006, p. 16) de interpretação do
processo histórico, e da maneira pela qual é apreendido pelos indivíduos, tanto
quanto pela escrita da história. Apesar da importância desse instrumental analítico,

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