Homem idoso que trabalha no campo: vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas

AutorLucimare Ferraz, Ligiane Pauly, Rosana Maria Badalotti, Marta Kolhs
Páginas1-19
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Edição Especial Health, Gender and Human Rights
V. 7 - Nº 01 - Ano 2018
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
1
HOMEM IDOSO QUE TRABALHA NO CAMPO:
VULNERABILIDADES INDIVIDUAIS, SOCIAIS E
PROGRAMÁTICAS
Lucimare Ferraz
1
Ligiane Pauly
2
Rosana Maria Badalotti
3
Marta Kolhs
4
Resumo: O processo de envelhecimento
e masculinização no meio rural é um
fenômeno mundial. Esse fato gera
diversas situações que necessitam ser
(re)conhecidas pela sociedade pública e
privada. Esse artigo tem por objetivo
tencionar uma reflexão sobre o homem
idoso trabalhador rural por suas
vulnerabilidades, em três dimensões:
individual, a social e a pragmática. Trata-
se de uma revisão narrativa que buscou
na literatura contemporânea descrever e
analisar o corpo de conhecimento sobre
a temática. Por fim, evidenciou-se que os
homens idosos rurais estão em situação
de vulnerabilidade, uma vez que
encontram-se isolados socialmente; além
1
Doutora em Ciências da saúde (Unifesp). Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
e em Enfermagem.
2
Enfermeira. Universidade do Estado de Santa Catarina- UDESC.
3
Doutora em Interdisciplinar em Ciências Humanas (2003) pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais-
Unochapeco.
4
Doutora Enfermagem UFRGS Docente da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) na
graduação e pós-graduação "lato sensu"
de trabalharem em ambientes insalubres
e perigosos devido suas deficiências
físicas e psíquicas; outrossim,
limitações em exercerem seus direitos
enquanto trabalhadores, aposentados e
cidadãos.
Palavras-chave: Homem. Idoso.
Trabalhador. Rural. Vulnerabilidade.
Abstract: The process of aging and
masculinization in rural areas is a
worldwide phenomenon. This fact
generates several situations that need to
be (re) known by public and private
society. The objective of this article is to
reflect on the rural working elderly man
for his vulnerabilities, in three
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Edição Especial Health, Gender and Human Rights
V. 7 - Nº 01 - Ano 2018
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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dimensions: individual, social and
pragmatic. It is a narrative review that
sought in contemporary literature to
describe and analyze the body of
knowledge on the subject. Finally, it was
shown that rural elderly men are
vulnerable, since they are socially
isolated; besides working in unhealthy
and dangerous environments due to their
physical and mental deficiencies; there
are also limitations in exercising their
rights as workers, retirees and citizens.
Keywords: Man. Old man. Worker.
Rural. Vulnerability.
Contextualizando
No Brasil, e em outros países, o
meio rural passa por transformações
produzidas, essencialmente, pelo êxodo
rural seletivo com predomínio de jovens
e mulheres, caracterizando processos de
masculinização e envelhecimento
populacional no campo (ANJOS,
CALDAS, 2005).
Esse fenômeno de
masculinização do campo, já foi descrito
na década de 60 na França, na obra ‘El
Baile de los Solteiros’ de Bourdieu
(2004). Segundo Bourdieu (2004, apud
COSTA, FROEHLICH; CARPES,
2013) o processo de masculinização
rural implica na diminuição da presença
feminina neste contexto,
comprometendo a composição familiar,
e consequentemente a sucessão dos
estabelecimentos.
Pesquisas recentes sobre a
demografia rural têm apontado a
existência de relação indireta entre a
modernização da agricultura e a
intensidade da masculinização rural, a
partir da diminuição drástica do grau de
intensidade de utilização da terra e da
mão de obra, que têm ocorrido em
algumas atividades agropecuárias
modernizadas (COSTA, FROEHLICH;
CARPES, 2013)
Neste sentido, se torna
fundamental analisar tal fenômeno
recorrente no Brasil há mais de vinte
anos, como consequência da
modernização agrícola que têm gerado
impactos na migração de jovens,
sobretudo mulheres, desestabilizando a
composição geracional equilíbrio social
nas áreas rurais, gerando o processo de
masculinização do campo (COSTA,
MATOS, VALLE, 2015). Este processo
social que desequilibra a composição
populacional rural em termos de idade e
gênero e cuja recorrência vem sendo

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