O homem é senhor

AutorFriedrich Nietzsche
Páginas5-5
O homem é senhor do conhecimento, porque é criador do
próprio conhecimento. A arte mantém e amplifica esse impulso
criador. Entretanto, o homem do conhecimento dele se “esque-
ce”. Esquece-se, porque a ciência busca igualdade, identidade,
restrição calculada das possibilidades de interpretação, verda-
de, incorrigibilidade. Para tais fins, a “folha primordial” pare-
ce mais importante do que a folha. Em outras palavras, conjec-
tura-se que o próprio movimento de produção do conhecimento
científico dissimula seu próprio aspecto criador. Se todos os
dias oriento-me por um relógio quanto as minhas atividades,
não é surpreendente que tal convenção – a contagem segura e
automática do tempo pelo relógio – seja estendida quase que na-
turalmente ao próprio tempo e, para muitos, o próprio tempo
seja em si divisível, mensurável, dominável. O que se perde de
vista é que o relógio é apenas uma maneira de antropomorfia do
tempo, um modo de fazê-lo solidário às nossas demandas. Nesse
sentido, criamos o tempo, ou seja, criamos aquilo que podemos
conhecer acerca do tempo. E o que “esquecemos”? Esquecemos
que somos criadores.
Friedrich Nietzsche

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