Ibovespa emplaca 1º mês de alta no ano, mas segue cercado de incertezas

Com ajuda de ações de bancos, commodities e até algumas mais ligadas ao ciclo doméstico, o Ibovespa registrou, em março, seu primeiro mês de alta no ano. Boa parte desse desempenho se apoiou numa dinâmica de rotação para setores mais expostos a exportação ou ao aumento de juros, ao mesmo tempo em que começa a aparecer no mercado uma visão menos pessimista sobre o processo de vacinação no Brasil.

Ainda assim, o Ibovespa segue distante do patamar do início do ano e da recente máxima histórica, além de registrar marcas evidentes de sustos na política local e um novo cenário no exterior, com risco de inflação e juros mais altos nos Estados Unidos no radar.

Hoje, o Ibovespa fechou em queda de 0,18%, aos 116.634 pontos, com desempenho misto entre os pesos pesados da bolsa. Com isso, o índice terminou o mês com valorização de 6,00%, mas ainda acumula perda de 2,00% em 2021 e segue distante da máxima histórica, de 125 mil pontos, registrada em janeiro.

“Estamos sem uma tendência clara ainda, tanto no cenário doméstico quanto no externo. Quando o ambiente externo piora, há um impacto no câmbio com a depreciação do real e, por consequência, uma migração de consumo doméstico para commodities. E quando há uma melhora, seja no externo ou no doméstico, esse fluxo tende a se inverter”, explica o gestor da Grou Capital Tiago Sampaio Cunha.

Para ele, esse cenário fica ainda mais complexo por causa dos ruídos na política, incertezas fiscais e a elevação dos juros dos Treasuries no exterior. “Se fosse só a questão da vacina, eu estaria entre os mais otimistas”, afirma o profissional.

De fato, o que tem tirado boa parte do ímpeto do Ibovespa é o risco político, que afeta de forma direta três grandes estatais listadas na bolsa. Com grande peso no índice, Petrobras ON e Banco do Brasil ON acumulam perdas de 17,02% e 20,17% neste ano, figurando entre os 10 piores desempenho no Ibovespa em 2021, apesar dos ganhos em março. A desvalorização é decorrente do risco de interferência do governo em suas decisões operacionais, o que, inclusive, resultou na troca de seus presidentes.

Já Eletrobras enfrentou grandes ondas de turbulência nos últimos meses, também por conta de mudança de comando, mas a indicação de Rodrigo Limp para o cargo de CEO trouxe um certo alívio ao mercado, já que o executivo é visto como favorável à privatização da companhia. Assim, no ano, as ações da companhia têm perda mais moderada, de 2,12%.

Além do efeito político, outros grandes movimentos têm...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT