Inteligência coletiva, redes sociais e capital social: em busca de conexões conceituais

AutorJulia Bellia Margoto - Jorge Henrique Cabral Fernandes
CargoUniversidade Federal do Espírito Santo/Universidade de Brasília - Universidade de Brasília
Páginas93-108
93
v. 20, n. 42, 2015
p. 93-108
ISSN 1518-2924
Encontros Bibli: revista eletrônica de bibliotecono mia e ciência da informação, v. 20, n. 42, p.
93-108, jan./abr., 2015. ISSN 1518-2924. DOI: 10.5007/1518-2924.2 015v20n42p93
Inteligência coletiva, redes sociais e capital social: em
busca de conexões conceituais
Collective intelligence, social networks and social capital:
searching for conceptual connections
Julia Bellia Margoto
Universidade Federal do Espírito Santo/Universidade de Brasília
julia.margoto@gmail.com
Jorge Henrique Cabral Fernandes
Universidade de Brasília
jhcf@unb.br
Resumo
Trata-se de um ensaio teórico cujo objetivo foi a busca por aproximações conceituais
entre os fenôme nos da inteligência coletiva, das redes sociais e do capital social,
inseridos no contexto da sociedade da informação. Para isso, tais elementos são
apresentados e discutidos à luz de diferentes autores. Verifica-se que os conceitos
abordados possuem inúmeros pontos de convergência entre si, desenhando-se
fortes relações de proximidade e complementaridade entre eles. Aponta-se para
ideia de que a consideração destas relações nas perspectivas teóricas adotadas em
pesquisas desenvolvidas nos campos em análise poderia enriquecer
significativamente os resultados a serem alcançados.
Palavras-chave: Inteligência coletiva. Complexidade. Redes Sociais. Capital Social.
Abstract
It is a theoretical essay whose goal was the search for conceptual similarities
between the phenomena of collective intelligence, social networking and social
capital within the context of the information society. Thereby, those elements are
presented and discussed considering different authors. It appears that the concepts
covered have numerous points of convergence and strong relations of proximity and
complementarity. The conclusions point to the idea that the consideration of these
relationships in the theoretical perspectives adopted in the research developed in
the fields under consideration, could significantly enrich the results to be achieved.
Keywords: Collective intelligence. Complexity. Social Networks. Social Capital.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
ENSAIO
Recebido em:
16/10/2014
Aceito em:
01/04/2015
94
1 INTRODUÇÃO
As transformações em direção ao novo paradigma da tecnologia da
informação apresentam-se como uma forte corrente mesmo em países menos
industrializados e trazem à tona a importância das novas Tecnologias da
Informação e Comu nicação (TIC´s) e de suas relações com a economia e a
sociedade (WERTHEIN, 2000).
A rede mundial de computadores permite o surgimento do chamado
ciberespaço que, conforme aponta Lévy (1999), sustenta-se essencialmente
sobre três alicerces principais: a interconexão, a criação de comunidades
virtuais e a inteligência cole tiva. Neste sentido, é possível reconhecer no
estabelecimento de sinergias entre competências, recursos e projetos e na
ativação de modos de cooperação flexíveis e transversais, características
importantes de tais elementos. Verifica-se assim uma oposição clara à lógi ca
estruturalista e às compartimentalizações tão típicas da chamada sociedade
industrial.
Assim, o engajamento em diversas atividades coletivas e a utilização
de determinadas capacidades interpessoais anteriormente pouco exploradas,
puderam ser ampl iados e fortalecidos a partir da era digital e já se tornaram
parte da vida cotidiana de milhões de pessoas. A participação em
comunidades virtuais é usualmente propiciada aos indivíduos por meio da
interconexão, permitindo a criação de benefícios aos seus integrantes e a
consecução de determinados objetivos coletivos (RHEINGOLD, 2012).
É neste sentido que o conceito de capital social também emerge no
paradigma digital. É preciso reconhecer como o comportamento online pode
influenciar o desenvolvimento deste capital, compreendido, basicamente,
como a capacidade de determinados grupos sociais de alca nçar objetivos
coletivos sem a interveniência de instituições ou leis formais (RHEINGOLD,
2012).
Além de possuir a informação como seu principal fio condutor, a
sociedade da informação caracteriza-se predominantemente pela
materialização da lógica das redes, que, graças ao aporte tecnol ógico
disponível, pode ser cada vez mais facilmente reconhecida nos mais
diferentes processos (CASTELLS, 1999; WERTHEIN, 2000).
Redes estão sendo atualmente estudadas a partir de um contexto
bastante amplo que envolve as chamadas ciências da complexidade, as quais
evoluem constantemente no sentido de desvendar a natureza e as
características dos sistemas complexos (BORGATTI NETO, 2008; ÉRDI,
2008). Os estudos acerca da configuração de sistemas complexos estão
presentes em diferentes áreas da ciên cia. Ramos como a biologia, a física, a
matemática, além das ciências sociais tem buscado explorar e melhor
explicar a dinâmica de sua auto-organização e de seu desenvolvimento
(JOHNSON, 2003).
Neste sentido, as redes sociais apresentam-se como um fenômeno de
considerável importância no cenário caracterizado pela chamada sociedade
da informação, onde novos dispositivos de comunicação e programas de
computador configuram-se como objetos materiais em torno dos quais
existem grupos humanos em uma ação coletiva complexa. Esta configuração
leva em consideração a ação das redes sociais em torno de uma
infraestrutura informacional, evidenciando o advento de um social
tecnológico (DI FELICE, 2007; LÉVY, 1999).

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